Dólar encerra 1º trimestre com queda de 14,55%, maior desvalorização em 13 anos
Perda é a mais intensa desde o período de abril a junho de 2009; moeda norte-americana encerrou negociada aos R$ 4,76 nesta quinta-feira, queda de 7,63% no mês
O dólar recuou 14,55% nos três primeiros meses de 2022, maior desvalorização trimestral em quase 13 anos (desde o período de abril a junho de 2009, quando caiu 15,81%) em relação ao real.
Nesta quinta-feira (31), a moeda norte-americana fechou em queda de 0,47%, a R$ 4,76. No mês de março, a perda foi de 7,63%, maior queda mensal desde outubro de 2018.
Nem mesmo a alta da moeda americana lá fora, em dia marcado por baixo apetite ao risco e perdas das bolsas em Nova York, tirou o brilho do real —cujo desempenho no acumulado deste ano que continua superando o de todas as outras moedas globais.
Operadores voltaram a relatar fluxo de recursos para ativos domésticos e destacar a busca dos estrangeiros por ganhos com o chamado “carry trade” (operação que explora diferencial de juros entre países).
A entrada de capital externo teria levado à desmontagem de posições defensivas no mercado futuro, em meio à disputa pela formação da última taxa Ptax de março, referencial para liquidação de contratos futuros e confecção de balanços corporativos.
O mercado também seguiu atento a um possível reajuste de 5% para os servidores públicos, o que representaria mais gastos pelo governo e eleva temores de um descontrole fiscal, um cenário que favoreceria o dólar.
Em queda desde a abertura dos negócios, o dólar registrou mínima no início da tarde, a R$ 4,7228. Passada a formação da Ptax (que encerrou março a R$ 4,7378, com perda 7,81% no mês e de 15,10% ano) e diante da aceleração dos ganhos da moeda americana no exterior, o dólar desacelerou o ritmo de baixa por aqui e voltou a ultrapassar a linha de R$ 4,75. No fim da sessão, era cotado a R$ 4,7612.
Para Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, caso o Fed adote uma postura de aumentos mais agressivos da taxa de juros, o dólar pode subir pontualmente no mercado doméstico. Outro ponto de eventual pressão sobre a taxa de câmbio seria o processo eleitoral, já que há sempre um grau de incerteza em torno de um novo governo.
“Devemos ter volatilidade. Mas, passada a eleição, a nossa moeda pode continuar com um comportamento mais benéfico até o fim do ano”, afirma Quartaroli, ressaltando que há um fluxo forte de curto prazo para o Brasil, em meio à explosão dos preços das commodities provocada pela guerra na Ucrânia e ao diferencial de juros elevados.
Ibovespa
O Ibovespa fechou em queda de 0,22%, aos 119.999,23 pontos, nesta quinta-feira (31), em um dia de volatilidade com leves variações positivas e negativas na última sessão mensal e trimestral. Ações mais vulneráveis a elevações de juros subiram devido à queda nas curvas de juros futuros (DIs), com leve alívio nas preocupações quanto à inflação.
Por outro lado, pesaram negativamente a aversão maior a riscos no exterior, com bolsas nos Estados Unidos e Europa recuando, e a queda de papéis ligados à commodities, em especial ao petróleo, com o tipo Brent registrando queda de 4,88% nesta sessão, devido à liberação de estoque norte-americano e anúncio da Opep+ de aumento no ritmo de produção.