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    Teste da Coreia do Norte pode ter sido com míssil menos avançado, diz oficial

    Funcionário sul-coreano disse que a análise do país e dos EUA, sobre lançamento em 24 de março, em que a Coreia do Norte alegou ser um novo ICBM Hwasong-17, era na verdade o Hwasong-15, mais antigo e um pouco menor

    Brad LendonGawon Baeda CNN*

    O  lançamento da Coreia do Norte na semana passada de um míssil balístico intercontinental (ICBM), considerado o mais formidável até agora, pode ter sido uma arma menos avançada do que se acreditava anteriormente, de acordo com um oficial militar sul-coreano.

    O funcionário, que falou sob condição de anonimato, disse que a análise sul-coreana e dos EUA do lançamento em 24 de março do que a Coreia do Norte alegou ser um novo ICBM Hwasong-17, era na verdade o Hwasong-15 mais antigo e um pouco menor — um O ICBM foi testado pela última vez por Pyongyang em 2017.

    Vários especialistas em mísseis chegaram a uma conclusão semelhante, mas alertam que o significado do lançamento bem-sucedido do ICBM na semana passada — o primeiro da Coreia do Norte em mais de quatro anos — não deve ser descartado, apontando que o teste ainda demonstrou uma arma com a capacidade teórica para atingir todos os Estados Unidos continentais.

     

    O ICBM disparado pela Coreia do Norte na quinta-feira (24) passada voou a uma altitude de seis mil  quilômetros e a uma distância de 1.080 quilômetros com um tempo de voo de 71 minutos antes de cair nas águas da costa oeste do Japão, segundo o Ministério da Defesa do Japão.

    O vice-ministro da Defesa do Japão, Makoto Oniki, disse a repórteres pouco depois que a altitude do míssil sugere que é um “novo tipo de ICBM”.

    Autoridades japonesas estavam aderindo a essa avaliação esta semana, com o secretário-chefe do gabinete, Hirokazu Matsuno, dizendo na segunda-feira (28) que Tóquio julgou o míssil como um novo tipo com base na altitude de voo e outras informações.

    E a CNN informou anteriormente que o Pentágono ainda está avaliando até que ponto o míssil é uma versão aprimorada de lançamentos anteriores.

    Mas a autoridade sul-coreana e especialistas em mísseis disseram que uma análise mais detalhada das imagens na mídia estatal norte-coreana do lançamento da semana passada deu duas pistas potenciais relacionadas ao suposto subterfúgio de Pyongyang.

    A autoridade sul-coreana disse que as avaliações de Seul e Washington mostraram que o ICBM lançado na semana passada tinha apenas dois bicos de motor, como o Hwasong-15, enquanto o Hwasong-17 tem quatro.

    E o vídeo divulgado na sexta-feira passada (25) pela estatal Korean Central Television (KCTV) que pretende mostrar Kim Jong Un guiando o lançamento revela a sombra do líder norte-coreano aparecendo para o oeste, o que significa que foi filmado pela manhã, mas o lançamento ocorreu à tarde, disse o funcionário.

    Além disso, estava nublado na área de lançamento na quinta-feira passada, mas o clima no vídeo da KCTV parece estar ensolarado, disse o funcionário.

    Líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un
    Líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un /

    Analistas dizem que os EUA ainda devem ser cautelosos

    Vários especialistas em mísseis também começaram a duvidar da afirmação da Coreia do Norte de ter lançado um Hwasong-17.

    Jeffrey Lewis, diretor do Programa de Não-Proliferação do Leste Asiático no Centro James Martin para Estudos de Não-Proliferação, disse que o vídeo da KCTV parece ter sido feito durante um lançamento fracassado em 16 de março, no qual um míssil norte-coreano explodiu logo após a decolagem em torno de uma altitude de 20 quilômetros.

    “A Coreia do Norte divulgou um vídeo após o teste de 24 de março. Medimos as sombras nele, no entanto, e fica claro pela altitude e pelo ângulo do sol que o vídeo é do teste da manhã de 16 de março”, disse Lewis. .

    “O vídeo é do teste (anterior) que falhou. Isso sugere fortemente que o outro teste era algo diferente que eles não querem que vejamos.”

    Ankit Panda, especialista em política nuclear do Carnegie Endowment for International Peace, disse que Pyongyang pode ter alterado o Hwasong-15 — testado pela primeira vez há quase cinco anos — para fazê-lo parecer um míssil mais poderoso.

    “Eles alegaram que é o Hwasong-17, que é o novo ICBM muito grande que eles inauguraram em um desfile em outubro de 2020, mas parece que o que eles realmente fizeram foi colocar uma carga muito leve ou talvez nenhuma em um Hwasong-15 —  o ICBM que eles testaram pela primeira vez em novembro de 2017. E eles usaram isso para encenar uma demonstração”, disse Panda.

    Panda afirmou que a alegação aparentemente inflada de Pyongyang visava um público doméstico e não internacional.

    “A única coisa que está indo bem na Coreia do Norte agora é o programa de mísseis, então talvez Kim Jong Un planeje usar essa demonstração para indicar ao seu próprio povo que eles estão sofrendo, a escassez de alimentos, as dificuldades econômicas, o bloqueio por causa da Covid, que tudo isso valeu a pena, porque suas capacidades de defesa nacional ainda estão avançando”, afirmou.

    Na terça-feira (29), o legislador sul-coreano Ha Tae-keung disse a repórteres que, de acordo com um briefing militar, destroços caíram sobre a capital norte-coreana, Pyongyang, após o teste fracassado de 16 de março.

    O gabinete de Ha confirmou as declarações do legislador à CNN nesta quinta-feira, acrescentando que a Coreia do Norte pode ter sido solicitada a anunciar o lançamento do Hwasong-15 em 24 de março como um Hwasong-17 para moderar opiniões negativas em Pyongyang, onde os cidadãos testemunharam o fracasso de 16 de março. A Coreia do Norte não reconheceu relatos de um teste fracassado em 16 de março.

    Lewis, o especialista em armas nucleares, disse que independentemente de qual míssil foi disparado na quinta-feira passada, o teste mostrou uma poderosa capacidade ofensiva que as autoridades de defesa dos EUA devem ter cuidado.

    “O míssil disparado em 24 de março teria um alcance de cerca de 12 mil quilômetros, o que certamente está dentro da capacidade de um Hwasong-15, que pode lançar uma arma nuclear em qualquer lugar dos Estados Unidos“, disse Lewis.

    E Matsuno, a autoridade japonesa, disse na segunda-feira que o programa de mísseis da Coreia do Norte continua sendo uma séria ameaça à segurança do Japão, da região e do mundo.

    Com informações de Yoonjung Seo e Junko Ogura, da CNN

     

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