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    Gestão de Milton Ribeiro teve aposta eleitoral mais forte, diz Priscila Cruz

    À CNN, presidente-executiva da Todos Pela Educação classificou como "cortina de fumaça" opção pela "guerra cultural" travada por últimos ministros do MEC

    Ludmila CandalGiovanna Galvanida CNN em São Paulo

    Em entrevista à CNN nesta terça-feira (29), a presidente-executiva da organização Todos Pela Educação, Priscila Cruz, avaliou que o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro atuou como um nome de “aposta eleitoral mais forte” na pasta, contrastando com outros nomes do MEC que também possuíram apelos ideológicos marcados durante suas gestões.

    “Ribeiro tinha uma função adicional mais intensa pela briga da reeleição de Bolsonaro”, disse Priscila Cruz. “Ele também teve uma gestão ideológica, a diferença é que ele foi uma aposta eleitoral mais forte — a base de religiosos que vota no Bolsonaro que acreditam que eles cuidam da família é maior que a base dos olavistas”, afirmou Cruz, que situou os ex-ministros Ricardo Vélez e Abraham Weintraub na última categoria citada.

    Milton Ribeiro anunciou sua demissão do MEC na segunda-feira (28). Ele é alvo de um inquérito da Polícia Federal (PF) e do Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas de favorecimentos a pastores na distribuição de verbas do ministério.

    Na visão da especialista, a “guerra cultural” travada pelos ministros do governo Bolsonaro que passaram pelo MEC serve como “uma cortina de fumaça” à falta de políticas públicas implementadas nos últimos anos.

    “Nenhuma política pública no campo da educação básica foi realizada neste governo”, disse ela. “Quais políticas foram colocadas em prática para estados e municípios enfrentarem a pandemia em quase dois anos de escolas fechadas? Que tipo de apoio foi dado para ampliação do tempo integral? Para a implementação da base nacional comum curricular, para a implementação da reforma do ensino médio? A resposta é que não foi feito nada.”, criticou.

    A diretora-executiva ainda afirmou que, pela Educação ter “muitos recursos” disponíveis, é preciso monitorar se o dinheiro chega onde deve chegar — à mesa dos estudantes em forma de merendas ou no transporte escolar, que auxilia a combater a evasão escolar crescente nos últimos tempos.

    Para Cruz, a troca do ministro não significa que haja um estanque de uma suposta corrupção em vigência na pasta, já que “o governo não dá transparência para o que acontece”, como a divulgação de microdados do Censo Escolar e o possível adiamento da divulgação dos índices do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).