Bolsonaro decide trocar presidente da Petrobras
Saída do general do Exército Joaquim Silva e Luna acontece em meio à escalada do preço do petróleo no mundo e, com ela, dos combustíveis vendidos pela Petrobras no Brasil
O presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir o atual presidente da Petrobras, o general do Exército Joaquim Silva e Luna. A informação foi confirmada por fontes do Palácio do Planalto. O anúncio deve ser feito ainda nesta segunda-feira (28).
A troca do comando acontece em meio à escalada do preço do petróleo no mundo e, com ela, dos combustíveis vendidos pela Petrobras no Brasil, o que tem incomodado Bolsonaro e sido alvo de crítica do presidente da República.
É a segunda vez que Bolsonaro muda a chefia da estatal em seu mandato. Em fevereiro do ano passado, ele já havia dispensado o então presidente da estatal, Roberto Castello Branco, também em um momento em que o preço dos combustíveis inflamava movimentos dos caminhoneiros e prejudicava a popularidade do governo junto aos consumidores.
No reajuste mais recente, feito em 10 de março, a Petrobras elevou o preço da gasolina em 18% e, do diesel, em 25% nas refinarias, depois de 57 dias sem mexer no preço.
A Petrobras disse que não comentará o assunto, pois não tem informações sobre o tema.
O economista Adriano Pires foi indicado para assumir o posto à frente da estatal, segundo apurou a analista Raquel Landim junto a fontes. O nome dele já substitui o do general Joaquim Silva e Luna entre os conselheiros da empresa indicados pelo acionista controlador.
A troca só ocorre oficialmente, no entanto, na assembleia de acionistas, marcada para o dia 13 de abril.
Em entrevistas à CNN Brasil, Pires já se manifestou favorável à política de preços atual da Petrobras, de paridade internacional. Em 11 de março deste ano, um dia depois de a estatal anunciar o maior reajuste nos preços dos combustíveis em mais de um ano, Pires concordou com a decisão.
“A Petrobras não tinha como não aumentar, porque a defasagem de preços estava muito grande entre o mercado interno e o externo. O país importa 30% do que é consumido de derivados de petróleo. Se a defasagem é muito grande, ninguém importa”, diz. “Pior que o preço alto é o desabastecimento”.
Ainda na entrevista, ele afirmou que uma alternativa seria adotar um “plano de emergência”, com pedido de crédito extraordinário, citando como exemplo uma medida do governo do ex-presidente Michel Temer.
“Se o governo não queria que a Petrobras anunciasse um aumento tão elevado, teria que adotar política que chegou a ser discutida, que é um plano de emergência parecido com o que o governo Temer fez na greve dos caminhoneiros de 2018, um pedido de crédito extraordinário por meio de Medida Provisória, com duração de 3 a 6 meses, dependendo do desenrolar da guerra”, diz.
Pires é formado em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com mestrado na mesma instituição na área de Tecnologia em Petróleo e Gás. Fez doutorado em Economis Industrial na Université Paris 13.
O economista já foi superintendente geral e assessor de diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), professor na UFRJ e é fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), em que atua desde 2000 como diretor.
*Colaborou Pedro Duran e João Pedro Malar