Inflação é ponto principal de percepção dos eleitores em 2022, diz especialista
Alta persistente dos preços pode responder, inclusive, pelo fato do número sobre a intenção de voto no presidente Jair Bolsonaro ter estacionado, avalia Antônio Lavareda
Apontada por especialistas como o tema mais importante na decisão pelo voto nas eleições presidenciais deste ano, a inflação vem preocupando os brasileiros, dos quais 77% têm a percepção de que os preços “aumentaram muito”. A conclusão é de pesquisa Ipespe/XP divulgada nesta sexta-feira (25).
A analista de economia da CNN Thais Herédia conversou com Antônio Lavareda, responsável pelo levantamento. Para ele, a inflação é o ponto principal de percepção dos eleitores.
O especialista lembra da famosa frase de James Carville, estrategista de campanha do ex-presidente americano Bill Clinton: “é a economia, estúpido”. Criado no início dos anos 90, o slogan fazia alusão à forte ligação entre economia e política, num momento de eleições presidenciais no país e de um aumento no custo de vida e no desemprego.
O especialista pontuou que, se Carville viesse para o Brasil, ele diria: “é a inflação, estúpido”. Ou seja, coloca a inflação como o ponto principal de percepção dos eleitores. Isso porque há uma responsabilização muito direta da inflação com a imagem do presidente da República, pontua o especialista.
Lavareda lembra que o Governo Sarney, no fim dos anos 80 — quando o desemprego foi um dos menores da história e a economia cresceu em média 4% ao ano –, foi marcado pela inflação.
A alta persistente dos preços pode responder, inclusive, pelo fato do número sobre a intenção de votos no presidente Jair Bolsonaro ter estacionado. A percepção sobre a inflação pode ser maior que qualquer efeito positivo que o cidadão pode ter percebido com uma eventual queda de impostos ou aumento no Auxílio Brasil, segundo Lavareda.
“A dor da inflação se dá principalmente na hora de pagar a conta. Por mais que o mercado de trabalho esteja melhorando, as pessoas estão ganhando menos, e, na hora de pagar a conta, é que sentem o peso da inflação”, diz.
*Publicado por Ligia Tuon