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    Presidente do BC diz que pode repensar fim do ciclo de alta caso crise se estenda

    Presidente do BC reforça fim de ciclo de alta em maio, mesmo com novas pressões inflacionárias decorrentes da guerra na Ucrânia: "já fizemos nosso trabalho"

    Anna Russida CNNLigia Tuondo CNN Brasil Business São Paulo

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira (25) que a autoridade monetária deixou a porta aberta para o Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, devido às incertezas em relação a uma possível extensão da crise no Leste Europeu.

    Num primeiro momento, a intenção do BC é encerrar o ciclo da Selic na próxima reunião, em maio, quando a taxa básica deverá subir 1 ponto percentual, a 12,75% ao ano. “Sobre o que nos levaria a repensar o processo (de alta de juros), deixamos a porta aberta para Copom de junho, poque sabemos das incertezas para a extensão dos prêmios (de risco)”, disse durante participação em evento do Banco Central do Peru.

    “Se a crise se intensificar ou virmos alguma dirupção de mercado que não prevemos, teremos que repensar, mas não achamos que é o mais provável”, disse.

    Campos reforçou um possível fim do ciclo de alta na Selic em maio. Disse ainda que vê a inflação atingindo um pico em abril, quando deve alcançar 11% em 12 meses.

    “Acho que o pico da inflação no Brasil será em abril, alcançando 11%. Começamos a subida dos juros há algum tempo agora e achamos que vamos terminar, muito provavelmente, a 12,75%”.

    Na quinta-feira, ele já havia colocado um aumento adicional na taxa (além do próximo já previsto em maio, de 1 ponto) como algo improvável, mesmo com novas pressões inflacionárias causadas pela guerra na Ucrânia

    “Precisamos entender se haverão novos choques nessa guerra, mas, de fora geral, achamos que já fizemos a maior parte do trabalho”, diz.

    BC independente

    Campos Neto admitiu, que apesar da vitória com a aprovação da autonomia do Banco Central no fim de 2021, a independência financeira da autoridade monetária é motivo de preocupação. Na ocasião, ele defendeu a autonomia e independência de Bancos Centrais em três dimensões: operacional, administrativa e financeira.

    “Em termos da independência financeira, muito pouco foi feito. Isso é sempre motivo de preocupação porque o BC pode ser asfixiado financeiramente pelo governo. Isso não aconteceu, mas é possível”, observou.

    Para o presidente do BC, a independência nas duas dimensões restantes deve e será conquistada gradualmente. Campos Neto afirmou ainda que a ligação da política administrativa do BC à administração do governo federal pode ter criado dificuldades para atender a demanda de reajuste salarial para servidores da instituição.

    “A independência administrativa também é importante. Estamos em risco de servidores do BC entrarem em greve e o fato de a política administrativa estar ligada ao governo central criou algumas dificuldades”, comentou.