Haddad diz que espaço fiscal “diminuiu”, em discurso ao FMI
O ministro da Fazenda ainda defendeu uma cooperação internacional para revisão do sistema tributário
No dia em que o FMI traçou uma perspectiva negativa sobre a economia brasileira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou de um evento sobre tributação internacional na sede da instituição em Washington, nos EUA.
Ele afirmou na abertura de seu discurso no FMI, obtido pela CNN, que “o espaço fiscal diminuiu”.
“Devido à situação desafiadora que a economia mundial tem vivido desde a pandemia, todos nós temos que tomar decisões muito difíceis. Num contexto de prevalência de taxas de juros elevadas e de agravamento da situação da dívida em muitos países, o espaço fiscal diminuiu”, disse.
Haddad afirmou ainda que o mundo está diante de uma iminente crise social e ambiental.
“Ao mesmo tempo, as nossas sociedades, cada vez mais suscetíveis a discursos populistas, têm demandas muito legítimas por serviços públicos de boa qualidade, ações climáticas decisivas e mais justiça distributiva. Embora a economia mundial pareça estar em vias de estabilização, estamos diante de uma iminente crise global de caráter social e ambiental”, declarou.
O ministro defendeu também uma cooperação internacional para revisão do sistema tributário.
“É neste ponto que entra a cooperação tributária internacional. Após um processo bem-sucedido de reforma tributária no Brasil, posso dizer que cada país pode fazer muito por si próprio. Podemos fazer esforços decisivos para melhorar a mobilização interna de recursos por meio de sistemas tributários nacionais mais justos, transparentes, eficientes e progressivos, seguindo as melhores práticas internacionais”, disse Haddad.
E ele continuou: “É exatamente isso que estamos fazendo no Brasil. No entanto, sem cooperação internacional, há um limite para a atuação dos Estados, tanto os ricos quanto os em desenvolvimento. Sem uma cooperação internacional mais forte, os que estão no topo da distribuição de renda e riqueza continuarão a evadir nossos sistemas tributários”, disse.
A viagem de Haddad se integra as agendas do G20, cuja presidência temporária é do G20.
Ele participa agora à tarde de uma reunião do Global Sovereign Debt Roundtable. Segundo o governo, trata-se de “uma mesa redonda é co-presidida pelo FMI, Banco Mundial e pela Presidência do G20 e é composta por credores bilaterais oficiais (tanto credores tradicionais membros do Clube de Paris como novos credores), credores privados e países mutuários”.
Ele ainda tem reuniões nesta quarta com Banco Mundial e o FMI.