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    Para tentar arrefecer crise, ministro é orientado a sair de cena

    Segundo relatos de assessores do governo, Milton Ribeiro pretende priorizar agendas internas, cancelar eventos públicos já confirmados e até evitar circulação por Brasília

    Teo CuryGustavo Uribeda CNN Em Brasília

    Em meio a uma crise política, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi orientado a sair de cena diante do aumento da pressão para que ele deixe o cargo.

    Segundo relatos feitos à CNN por assessores do governo, a recomendação partiu de integrantes tanto do Palácio do Planalto como da CGU (Controladoria-Geral da União).

    De acordo com interlocutores do ministro, ele chegou a tratar o tema com o presidente Jair Bolsonaro. O esforço é uma tentativa do governo federal de arrefecer o desgaste da pasta.

    Nesta quarta-feira (23), o ministro cancelou uma visita que faria à Maquete de Memorial do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e priorizou agendas internas em Brasília. Ribeiro, que tem como costume entrar no ministério pela portaria principal, alterou a rotina e chegou ao prédio da pasta, na manhã desta quarta-feira (23), pela garagem. Procurado, o MEC informou que o cancelamento da agenda em São Paulo foi uma decisão do ministro, que participará de agendas no ministério.

    Na terça-feira (22), o jornal Folha de S.Paulo divulgou áudio atribuído ao ministro no qual ele diz que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores evangélicos. No meio da tarde, o ministro se posicionou. Em nota, o ministro informou que o repasse de recursos federais ocorre seguindo a legislação orçamentária, e critérios técnicos do FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação).

    “Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado”, diz a nota.

    Milton Ribeiro afirmou ainda, no documento, que o presidente Jair Bolsonaro “não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem”.

    A expectativa é de que ele seja chamado, em breve, para prestar esclarecimentos na Câmara dos Deputados sobre a atuação dos dois pastores evangélicos na pasta. É esperado que o líder da bancada evangélica na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), se posicione sobre o episódio. O grupo religioso não ficou satisfeito com a nota divulgada pelo ministro e tem cobrado explicações adicionais. Segundo integrantes da bancada evangélica, a necessidade de maiores explicações do ministro deve dar o tom do posicionamento de Sóstenes.

    No Palácio do Planalto, assessores do governo consideraram o caso grave e avaliaram que a permanência dele no posto está condicionada às explicações do ministro nos próximos dias. Com o crescimento da crise política, integrantes do bloco do centrão passaram a defender que Bolsonaro nomeie para o cargo o presidente do FNDE, Marcelo Lopes.

    Segundo relatos de assessores palacianos, o presidente teria indicado, no entanto, que, caso seja feita uma troca na pasta, ela seguirá sob o comando do chamado grupo ideológico do governo federal. O que sinaliza que a pasta deve seguir na defesa da chamada pauta de costumes e que, portanto, não deve haver uma mudança que altere a postura atual. Na bancada evangélica, o nome do reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Correia, voltou a ser citado como uma opção caso o presidente decida fazer uma alteração na Educação.