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    Menos de 7% dos rios da Mata Atlântica têm água de boa qualidade, aponta estudo

    Esgoto doméstico e uso de agrotóxicos são os principais responsáveis pela poluição dos rios nas áreas urbanas e rurais, segundo SOS Mata Atlântica

    Elis Barretoda CNN , no Rio de Janeiro

    Um estudo divulgado nesta terça-feira (22) aponta que apenas 6,8% dos rios da Mata Atlântica possuem água de boa qualidade. Segundo o levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica, das 615 amostras analisadas de 90 rios diferentes em 16 estados do Brasil, 72,6% tiveram um índice regular e 20,5% tiveram avaliação ruim ou péssima. Publicada neste Dia Mundial da Água, a pesquisa foi feita de janeiro a dezembro de 2021.

    O geógrafo Gustavo Veronesi, coordenador do programa Observando os Rios da SOS Mata Atlântica, em conversa com a CNN, avaliou que o cenário é de alerta, já que boa parte dos rios recebe uma grande carga de esgoto doméstico.

    “A principal fonte de poluição de nossos rios ainda é o esgoto doméstico nas áreas urbanas, mas se a gente considerar a área rural, o uso de agrotóxico em excesso tem causado também grandes problemas para a qualidade da água em nossos rios. E soma-se a isso também a retirada da cobertura florestal original, que também impacta negativamente a qualidade da água”, diz o especialista.

    Veronesi explica que a floresta funciona como um tipo de filtro para as águas das chuvas. O solo absorve a água, que depois vai para os rios. Por isso, segundo o geógrafo, preservar a vegetação original ajuda a manter a qualidade desses rios.

    A nova edição da pesquisa “O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica” conclui que a qualidade da água dos rios da Mata Atlântica ainda está longe de uma “situação aceitável”.

    O estudo aponta que houve pouca mudança em relação aos resultados do período anterior de monitoramento, com alguns casos isolados tanto de melhoria como de piora da qualidade da água.

    Gustavo Veronesi, coordenador do Programa Observando Rios da SOS Mata Atlântica
    Gustavo Veronesi, coordenador do Programa Observando Rios da SOS Mata Atlântica / Foto: Cleber Rodrigues/CNN Brasil

    Crescimento urbano desordenado e falta de saneamento

    O biólogo e especialista em gestão e recuperação de ecossistemas Mario Moscatelli explicou à CNN que existem dois protagonistas no processo de degradação das bacias hidrográficas dos rios: o crescimento urbano desordenado e a falta de saneamento universalizado.

    “O poder público nunca deu a devida importância para esses dois temas que envolvem políticas habitacionais, investimento em saneamento. Quem acabou pagando a conta do crescimento, do inchamento das cidades sem qualquer ordenação, foi o meio ambiente através dos seus rios, que foram transformados em grandes valas de esgoto e lixo”, afirma.

    A metodologia de monitoramento utilizada classificou as amostras em ótima, boa, regular, ruim e péssima. Nenhuma das 615 amostras apresentou características de classificação “ótima”.

    Segundo o estudo da SOS Mata Atlântica, o estado de São Paulo foi o único que apresentou análises de qualidade “péssima”, além do índice de “ruim”. Outros seis estados – Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul – também registraram análises classificadas como “ruim”.

    O acesso à água como direito fundamental é um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030.

    De acordo com a SOS Mata Atlântica, o bioma abrangia originalmente uma área equivalente a 1.315.460 km² ao longo de 16 estados do Brasil e DF.

    A última edição do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, que foi lançada em maio de 2021, identificou uma perda de 13.053 hectares (130 km quadrados) de florestas nativas no período observado, de 2019 a 2020.

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