Guerra na Ucrânia causou ruptura da ordem internacional, diz professora
Fernanda Magnotta afirmou à CNN que solução negociada entre governos russo e ucraniano é esperada
Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (21), a coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faap Fernanda Magnotta avaliou que, mesmo que chegue ao fim em breve, a guerra na Ucrânia já causou uma “ruptura na ordem internacional que vinha desde 1945 após a Segunda Guerra Mundial“.
“Essa é uma guerra que pode acabar a qualquer momento, mas cujos reflexos perdurarão durante algumas décadas. É o fim definitivo do período após o pós-Guerra Fria“. disse a professora.
Magnotta considera possível uma saída negociada a curto prazo entre Rússia e Ucrânia, inclusive com um eventual cessar-fogo. No entanto, pela dimensão geopolítica do conflito, as consequências ainda irão durar por muito tempo.
De acordo com a professora, enquanto o conflito se prolonga, “as capacidades vão se exaurindo de todos os lados, a guerra vai ficando cada vez mais custosa e em algum momento vai sair uma negociação diplomática como aconteceu em vários outros conflitos ao longo da história”.
“O problema é que não necessariamente um cessar-fogo imediato ou negociação de curto prazo vai representar o encerramento do conflito. As demandas ques estão sobre a mesa são de caráter estrutural, não tem a ver apenas com a Ucrânia”, pontuou.
Segundo Magnotta, a guerra na Ucrânia trata de transação hegemônica e transições históricas de poder que antagonizam os Estados Unidos e a Rússia. “Por mais que no curto prazo haja um cessar-fogo combinado particularmente feito com Zelensky e Putin, não me parece um tema fácil de resolver”, disse.
A professa avaliou que a guerra na Ucrânia é uma clara demonstração de como “o mundo está passando uma profunda transformação”.
Magnotta afirmou que o conflito inaugurou uma nova fase da globalização, “a globalização trazendo novos desafios que não tinham sido assistidos até o momento”. A professora ainda citou a convivência do pré-moderno com o pós-moderno, uma nova distribuição de poder entre os países e a necessidade de instituições internacionais.
Diante do cerco de tropas russas à cidade de Mariupol, no leste da Ucrânia, a professora reforçou que se trata de uma “cidade estratégica” por conta de sua capacidade naval e saída para o mar.
Magnotta ainda afirmou que a região dá consistência para o deslocamento russo da Criméia até o Donbass e tem um “peso geopolítico muito relevante”.