Eleitorado de Boulos tem perfil complementar ao de Haddad, mostra Quaest/Genial
Dados da última pesquisa mostram que, sem o pré-candidato do PSOL na disputa, o petista tende a melhorar seu desempenho não só pela afinidade ideológica entre os partidos, mas por abrir novos caminhos
A desistência de Guilherme Boulos (PSOL) de concorrer ao governo de São Paulo tende a ajudar o pré-candidato do PT, Fernando Haddad, a avançar em segmentos nos quais o petista enfrenta mais dificuldade, como os eleitores que têm ensino superior, os pardos e os mais jovens.
Dados da última pesquisa Quaest/Genial detalhados a pedido da CNN mostram que os eleitorados de Boulos e Haddad são complementares, isto é, onde um vai bem, o outro geralmente tem desempenho inferior, e vice-versa.
Em outras palavras, sem o pré-candidato do PSOL na disputa, o petista tende a melhorar seu desempenho não só pela afinidade ideológica entre os partidos, mas por abrir novos caminhos ou ao menos reduzir os obstáculos atuais para Haddad.
Um exemplo é o recorte do eleitorado por nível de escolaridade. O pré-candidato do PT lidera com folga entre os paulistas que estudaram até o ensino fundamental ou até o médio, com índices de 30% ou mais, ante menos de 20% de qualquer adversário – o segundo colocado, Márcio França (PSB), chega no máximo a 19% entre quem cursa ou completou o ensino médio.
No entanto, entre quem chegou ao ensino superior ou mais, Haddad registra empate técnico com França: 26% a 21%. Por sua vez, Boulos soma 16%, bem mais que os 11% entre quem chegou ao ensino médio e os 5% do eleitorado que estudou até o ensino fundamental. O índice do político do PSOL entre os mais escolarizados é igual ao de Tarcísio Gomes de Freitas, ministro que deve deixar o governo Jair Bolsonaro e disputar o Palácio dos Bandeirantes pelo PL.
Situação semelhante ocorre na segmentação pela cor da pele. Entre quem se declara branco, Haddad tem 20 pontos a mais que França (32% a 12%) e 22 que Tarcísio (10%), vantagem que se amplia entre os pretos (o petista tem 40%). Mas, entre os autodeclarados pardos, o petista tem 26%, em empate técnico com os 21% de França. Somam 16% os eleitores de Boulos nesse segmento, quase o dobro dos 7% que ele registrou entre os pretos e oito vezes superior aos 2% entre os brancos.
Por faixa etária, Boulos tem seu melhor desempenho entre os jovens: registra 13% entre quem tem de 16 a 30 anos, índice que cai a 10% (31 a 50 anos) e a 6% (50 anos ou mais). É um movimento diferente de Haddad, que vai bem entre os mais jovens (32%), mas perde musculatura no grupo intermediário (25%) e retoma a vantagem entre os mais velhos (38%). Nesse aspecto, quem tem comportamento exatamente inverso ao de Boulos é Tarcísio, que não pontua entre os jovens e tem melhor performance conforme avança a idade do eleitor: 7% no grupo intermediário e 9% entre os mais velhos.
Por fim, no quesito renda, Haddad tem o melhor desempenho entre os que ganham até 2 salários mínimos, com 33%, perde fôlego entre quem recebe de 2 a 5 salários mínimos (24%) e retoma os 30% entre os que vivem com mais de 5 salários mínimos. Com Boulos, o eleitorado cresce com a renda do entrevistado: 8% entre os mais pobres, 12% na faixa intermediária e 13% entre os mais ricos. Importante lembrar que a margem de erro de dois pontos percentuais aumenta nas segmentações da pesquisa, porque o número de entrevistados é menor.
No cenário mais amplo, a Quaest registrou a liderança de Haddad, com 24%, índice que avança até 35% conforme se afunila o rol de candidatos apresentados, seguido por França (18%), Tarcísio (9%) e Boulos (7%). Completam esse quadro a deputada e presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, e o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), ambos com 3%; o deputado Vinicius Poit (Novo), com 2%; e o prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth (PSD), e o ex-ministro Abraham Weintraub (PMB), ambos com 1%.
Os entrevistados que disseram votar nulo ou em branco somam 24%. Os indecisos representam 9%.
A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou para menos. O nível de confiança dela é de 95%. Ou seja, se 100 pesquisas fossem realizadas, ao menos 95 apresentariam os mesmos resultados dentro desta margem.
Foram ouvidas 1.640 pessoas face a face entre os dias 11 e 14 de março. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral com o número SP-03634-2022.
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A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.