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    Informalidade volta a crescer e ajuda a derrubar renda no país, aponta IBGE

    Número de profissionais sem carteira assinada subiu quase 20% em um ano, já autônomos tiveram alta de 10%

    Pauline Almeidada CNN no Rio de Janeiro

    Após uma queda no número de trabalhadores informais durante a pandemia de Covid-19, quando as medidas restritivas fizeram a circulação de pessoas cair nas ruas, o grupo voltou a crescer desde o segundo semestre de 2020 e já inclui 38,5 milhões de brasileiros.

    Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Apesar do trimestre finalizado em janeiro de 2022, em relação ao anterior, mostrar uma leve diminuição no percentual de informalidade – de 40,7% para 40,4% da população ocupada –, o número absoluto cresceu.

    De acordo com o IBGE, 313 mil pessoas passaram a atuar como trabalhadores informais.

    Esse grupo aparece no vendedor de balas no transporte coletivo, na família que prepara refeições em casa e comercializa “quentinhas” nas ruas, no entregador acionado por aplicativos e outras funções do dia a dia das cidades.

    Segundo a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, o trabalho informal impulsionou o crescimento da população ocupada após o primeiro impacto da pandemia.

    “Como se fosse um colchão amortecedor que impedisse que a situação fosse maior ou mais extensa”, disse sobre o cenário de desemprego.

    Os postos com carteira assinada passaram a mostrar uma reação recentemente. No entanto, a dependência da informalidade tem impacto na média de rendimento para a população, que foi de R$ 2.489 – número mais baixo de toda a série histórica iniciada em 2013 e a primeira vez abaixo de R$ 2,5 mil.

    “Como parte expressiva dessa recuperação está vindo por meio do trabalho informal, sobretudo o trabalhador por conta própria, esses trabalhadores, de um modo geral, são aqueles que têm menores rendimentos, isso faz com que a média do rendimento da população ocupada caia. Além disso, a gente tem o próprio processo inflacionário”, pontuou Adriana Beringuy.

    Das duas principais categorias que entram na conta da informalidade do IBGE, uma delas é a dos empregados no setor privado sem carteira assinada, que cresceram 19,8% em um ano, subindo de 10,3 milhões para 12,3 milhões de pessoas.

    Outra é dos trabalhadores por conta própria, que somam 25,6 milhões de pessoas, uma alta de 10,3% em relação ao mesmo período do ano anterior – número saltou de 17,7 milhões para 19,2 milhões.

    Bruno Ottoni, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas e da consultoria IDados, acredita que a informalidade seguirá crescendo no país. A IDados projeta a criação de 1,2 milhão de postos de trabalho em 2022, 700 mil deles de trabalhadores informais.

    “A expectativa é de não ter um crescimento do PIB muito expressivo. Quando o PIB não cresce muito, não tem grande queda do desemprego. Nesse quadro, costuma crescer a informalidade. Como as pessoas precisam trabalhar, elas acabam fazendo o que dá”, colocou.

    O pesquisador também pondera que o cenário de incertezas gerado pela guerra na Ucrânia inibe contratações, já que o empregador teme criar uma vaga formal, com a possibilidade de fechá-la brevemente e ter que pagar encargos trabalhistas.

    Trabalhadores domésticos crescem

    A PNAD divulgada pelo IBGE ainda mostrou que, em um ano, o número de trabalhadores domésticos cresceu 19,9%, com a entrada de 931 mil pessoas.

    No trimestre encerrado em janeiro deste ano, eram 5,6 milhões nesse grupo, sendo que 75% (4,2 milhões) não têm carteira assinada, ou seja, também entra no cálculo da informalidade.

    A coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, explica que esse foi o primeiro grupo a ser atingido pela pandemia.

    Assim, o setor vem registrando um aumento progressivo com o avanço da vacinação e das medidas de flexibilização.

    Segundo Adriana, o crescimento pode ser explicado pela retomada do trabalho doméstico, com pessoas que anteriormente haviam sido demitidas, e também pela migração de pessoas desligadas de outras atividades, em busca de renda