Guerra da Ucrânia influencia confiança de empresários, diz confederação de comércio
Intenção de contratações teve variação negativa de 3,5%; elevação da taxa de juros também prejudica, pois dificulta acesso ao crédito
O Índice de confiança do Empresário do Comércio (Icec) recuou 1,3% em março. Isso representa 1 ponto percentual de queda em relação a fevereiro, que teve variação negativa de 1,2%.
No primeiro trimestre do ano, o índice acumula recuo de 1,12%, segundo a Confederação Nacional de Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O levantamento ressalta que, mesmo com o resultado negativo, o indicador está acima dos 100 pontos, considerado satisfatório, com 118 pontos.
Todos os três subíndices do Icec tiveram queda: percepção das condições atuais (-1,6%) expectativas (-1,2%) e intenções de investimento (-1,1%).
De acordo com a CNC, os efeitos da inflação, o aumento do preço dps combustíveis e a guerra entre Rússia e Ucrânia são alguns dos fatores que explicam essa queda de confiança em março.
Os empresários estão receosos com a subida de preços por conta do conflito, que já elevou também o valor de algumas commodities. A subida da taxa de juros também prejudica os comerciantes, pois dificulta o acesso a crédito.
Como não podem repassar todos os custos aos consumidores, os empresários acabam perdendo margem de lucro e adiando investimentos e reformas. A intenção de contratação de novos funcionários também registrou variação negativa com queda de 3,5% este mês.
Em relação a março do ano passado, o Icec teve aumento de 13,9%, mas, como ressalta o levantamento, neste período, a vacinação ainda estava iniciando e havia medidas sanitárias restritivas em muitos locais, o que provocou grandes prejuízos ao setor.
Entre as regiões, o Sudeste é o que registrou maior preocupação dos empresários. O Icec teve recuo de 2,4% e ficou com 116,9 pontos. Mesmo tendo menor variação negativa no mês que o Sudeste, a região Nordeste (-1%) registrou pontuação menor: 114,9%. O Norte tem a maior pontuação com 124,9 e a melhor variação positiva (+0,9%), seguida do Centro Oeste (+0,3%) e 121,7 pontos. Depois vem o Sul (-1%) e 120,3 pontos.
A confiança dos comerciantes de empresas com mais de 50 funcionários foi a que diminuiu mais (-2,1%), mas ainda é mais satisfatória, com 122 pontos, que a das micro e pequenas empresas. Entre estas, o índice registrou recuo de 1,3% e a pontuação foi de 118.
Por conta da alta dos juros, da volatilidade do dólar e dos preços dos bens duráveis, os empresários especializados neste tipo de produto tiveram menor confiança este mês (-1,7%), seguidos dos de semiduráveis (-1,2%) e dos não duráveis (1%).