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    Guerra se traduz em novo choque de custos para inflação no Brasil, aponta FGV

    Impacto dependerá dos estoques de fertilizantes no país, cronograma do plantio das safras, potencial de diversificação das importações e duração da guerra

    Daniela Amorim, do Estadão Conteúdo

    A invasão da Ucrânia pela Rússia se traduz em um novo choque de custos para a inflação no Brasil, apontou a Fundação Getulio Vargas (FGV) na divulgação do Indicador de Comércio Exterior (Icomex).

    “Para o Brasil, o principal efeito no mapeamento dos efeitos diretos da guerra se refere à oferta de fertilizantes e ao aumento no preço das commodities agrícolas e de petróleo“, afirma a nota da FGV.

    Segundo o Icomex, a Rússia respondeu por 23,3% das importações brasileiras de produtos classificados como fertilizantes em 2021, seguida pela China (13,7%), Marrocos (10,5%), Canadá (9,8%) e Estados Unidos (5,7%).

    O impacto da redução das vendas russas sobre a produção agrícola brasileira vai depender dos estoques de fertilizantes no Brasil, cronograma do plantio das safras, potencial de diversificação da pauta de importações e duração da guerra, enumerou a FGV.

    O boletim do Icomex lembra que os preços das commodities já aumentavam desde 2021, um dos fatores de pressão sobre a inflação no país no ano passado.

    “Além da elevação do preço do trigo, a questão do aumento do preço do petróleo tem prioridade na agenda da política econômica brasileira”, ressalta o documento.

    “Para o Brasil, um país com interesses comercias com a China e o Ocidente, fica o desafio de construir uma estratégia que atenda aos interesses dos setores domésticos que operam na economia mundial”, avaliou.

    A balança comercial acumulou um superávit de US$ 3,9 bilhões no primeiro bimestre de 2022. O valor exportado cresceu 36,1% no primeiro bimestre ante o mesmo período do ano anterior, e o importado aumentou 30,3%.

    O volume exportado subiu 16,9%, enquanto o volume importado caiu 2,8%. Os preços das exportações aumentaram 15,9%, e os das importações saltaram 33,9%.

    A China manteve a liderança no ranking de maiores compradores de produtos brasileiros, com participação de 24% na pauta do país. Em volume, as exportações brasileiras para a China cresceram 4,1% no primeiro bimestre de 2022 ante o primeiro bimestre de 2021, puxadas pela soja.

    As importações de produtos chineses aumentaram 8,3% no período.

    Os Estados Unidos elevaram em 17,3% o volume de compras de produtos brasileiros no primeiro bimestre. Já o volume importado dos Estados Unidos pelo Brasil cresceu 1,8%.

    Nas trocas com os demais principais parceiros comerciais do Brasil, houve aumento no volume exportado, mas redução nas importações: União Europeia (volume exportado cresceu 22,9% no primeiro bimestre, enquanto importações recuaram 2,5%); Argentina (volume exportado subiu 12,0%, importações recuaram 19,3%); demais países da América do Sul (alta de 20,5% nas exportações, queda de 19,3% nas importações); Ásia, exceto China e Oriente Médio (alta de 23,6% nas exportações, queda de 13,0% nas importações).

    No primeiro bimestre, o comércio com a China foi superavitário em US$ 590 milhões, enquanto que com os Estados Unidos foi deficitário em US$ 2,8 bilhões.

    “Os resultados para o primeiro bimestre do ano mostram que a guerra reforça a tendência, já em vigor, do aumento dos preços das commodities e deixa, por enquanto, incertezas quanto aos efeitos sobre a queda do comércio mundial e da oferta de suprimentos, em especial dos fertilizantes, para um dos líderes das exportações brasileiras, o setor agrícola”, concluiu a FGV.

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