Ilusões da Rússia sobre o Ocidente acabaram, diz Lavrov
Ministro criticou EUA e acrescentou que países como China, Índia e Brasil não queriam ser ordenados pelo "Tio Sam" agindo como um xerife
A Rússia “perdeu todas as ilusões” de depender do Ocidente e Moscou “nunca aceitará” uma visão do mundo dominada pelos Estados Unidos, que quer agir como um “xerife global”, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, nesta sexta-feira (18).
As nações ocidentais impuseram sanções abrangentes nos setores financeiro e corporativo da Rússia em resposta à invasão da Ucrânia por Moscou em 24 de fevereiro, mergulhando a economia russa em sua crise mais grave desde a queda da União Soviética em 1991.
Lavrov, ministro de Vladimir Putin desde 2004, disse que a reação do Ocidente ao que Moscou chamou de “operação militar especial” tinha ilustrado que o Ocidente era completamente dominado pelos Estados Unidos e que a União Europeia era em grande parte impotente.
A Rússia olharia para o leste, disse ele.
“O que os americanos querem é um mundo unipolar que não seja como uma aldeia global, mas como uma aldeia americana — ou talvez como um saloon, onde você sabe que o mais forte dá as ordens”, disse Lavrov.
Ele acrescentou que muitos países como China, Índia e Brasil não queriam ser ordenados pelo “Tio Sam” agindo como um xerife.
A invasão da Rússia matou milhares de pessoas, desalojou mais de 3 milhões e levantou o medo de um confronto mais amplo entre a Rússia e os Estados Unidos, as duas maiores potências nucleares do mundo.
A resposta desafiadora de Lavrov ao esforço do Ocidente para isolar seu país ecoou a de Putin, que indicou nos últimos dias que a era pós-1991 da história russa chegou ao fim e que, a partir de agora, Moscou olhará para a China, Índia e cada vez mais para dentro.
“Agora teremos que confiar somente em nós mesmos e em nossos aliados que ficam conosco”, disse Lavrov. “Nós não estamos fechando a porta para o Ocidente — eles que estão fazendo isso”.
Quando a União Soviética desmoronou e a Guerra Fria terminou, muitos tanto na Rússia quanto no Ocidente esperavam que os confrontos que tinham dividido o mundo pós-Segunda Guerra Mundial recuassem ou até mesmo fossem superados.
Putin diz que as ações de Moscou na Ucrânia eram necessárias porque a expansão da Otan ameaçava a Rússia, e que Moscou precisava salvar os falantes de russo na Ucrânia da opressão.