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    Com Selic a 11,75%, Brasil só perde da Rússia em ranking dos maiores juros reais

    Juros brasileiros chegaram a liderar lista de 40 países, mas guerra gerou aperto monetário pelas autoridades russas

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business em São Paulo

    O Brasil perdeu em março a posição de país com os maiores juros reais do mundo, apesar da alta anunciada na quarta-feira (16), que levou a taxa Selic para 11,75%. O motivo foi a guerra na Ucrânia, com uma série de sanções que levou a Rússia a realizar uma forte alta de juros, ultrapassando o Brasil.

    As informações são de um levantamento da Infinity Asset, que aponta que os juros reais brasileiros – obtidos a partir da subtração da taxa de juros pela projeção de inflação para os próximos 12 meses – estão na segunda posição do ranking.

    Segundo o levantamento, os juros reais considerando a projeção do relatório Focus de inflação de 5,69% nos próximos 12 meses seriam de 7,10%, atrás apenas da Rússia, com 30,07%.

    Considerando os juros nominais, ou seja, a taxa em si, o Brasil está na quarta posição, atrás da Turquia (14%), Rússia (20%) e Argentina (42,50%).

    Em fevereiro, o Brasil liderou o ranking dos juros reais, com 6,26%, seguido pela Rússia, com 4,67%. No levantamento de juros nominais, o país ficou em terceiro lugar, atrás da Turquia e Argentina.

    A mudança de juros na Rússia ocorreu em 28 de fevereiro, quando o banco central do país subiu a taxa de 9% para 20% ao ano. O objetivo era “apoiar a estabilidade financeira e de preços e proteger as economias dos cidadãos da depreciação”.

    O rublo, moeda do país, chegou a cair 30% após uma série de sanções de países ocidentais contra a Rússia, e a alta nos juros é uma tentativa de reter investimentos estrangeiros e permitir alguma recuperação cambial.

    No levantamento, a Infinity Asset afirma que “continua a pressão da inflação global, a qual se acelerou na maioria das medidas, dadas as ainda contínuas pressões e choques de oferta ao atacado e aceleração de demanda, em vista ao processo de reabertura de diversas localidades, convertendo a maioria das taxas [de juros real] em terreno negativo”.

    Nesse sentido, a média geral de juros reais entre os 40 países do levantamento foi de -0,94%, indicando que, em muitos deles, a projeção de inflação é maior que os juros atuais. Os menores juros reais são os da Argentina, com -15,20%.

    Já entre os juros nominais, a menor taxa é a da Suíça, com -0,75%, seguida por Dinamarca (-0,60%) e Japão (-0,10%). A média geral das taxas nominais é de 3,55%.

    Em fevereiro, a média dos juros reais foi de -1,41%, enquanto que a dos juros reais foi de 3,05%, indicando a continuidade do processo de aperto monetário global para combater a inflação.

    “Ainda que se preservem parte dos programas de alívio quantitativo, o movimento global de políticas de aperto monetário continuou a ganhar força, com o aumento expressivo no número de BCs sinalizando preocupação com a inflação, em especial devido à guerra”, avalia.