8 em cada 10 brasileiros aprovam congelamento de preços, diz CEO do Instituto Locomotiva
A economia foi apontada pela maioria dos brasileiros como principal problema do país na pesquisa Quaest/Genial divulgada nesta quarta-feira (16). Diante deste cenário, os levantamentos mais recentes feitos pelo Instituto Locomotiva revelam que a expectativa dos cidadãos é por uma solução rechaçada pela maioria dos economistas, o tabelamento de preços.
“8 em cada 10 brasileiros concordariam com tabelamento dos preços. É isto que vemos nas pesquisas recentes do Locomotiva sobre como as pessoas enxergam as saídas para a crise atual. A perda do poder de compra, a inflação em alta, leva ao entendimento de que segurar os preços pode ter mais efeito que receber um auxílio do governo”, disse Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, em entrevista exclusiva à CNN.
O congelamento de preços já foi adotado diversas vezes durante o período da hiperinflação. Nos anos do governo Dilma, houve controle de preços de forma indireta, com aumento dos gastos públicos para evitar a disparada dos custos na economia. A interferência nos preços dos combustíveis na Petrobras, que gerou prejuízo bilionário à companhia, e a queda forçada da conta de luz são as referências mais claras sobre o revés do tabelamento.
Na campanha atual pela presidência da república, o aceno a medidas heterodoxas começa a aparecer nos discursos do presidente Jair Bolsonaro, como as recentes críticas à Petrobras, e o compromisso em acionar mecanismos distantes da ideologia liberal, pregada e defendida por Paulo Guedes.
“A campanha de Bolsonaro pode testar ganhos se o governo partir para medidas mais heterodoxas como tabelamento de preços, auxílios para o gás, caminhoneiros, entre outros. São medidas pouco liberais, mas podem garantir maior participação do eleitorado”, explicou.
Renato Meirelles chama atenção para o fato de, pela primeira vez, a eleição ter na liderança das intenções de votos um ex-presidente da república e um presidente no cargo, o que transforma o debate político. Segundo ele, no pleito de 2018, era sobre mudança, hoje é mais próxima aos temas cotidianos.
“É uma situação inédita. Um presidente em exercício e outro que é ex-presidente. Isso mostra que esta não será uma eleição sobre o futuro. Será uma eleição sobre o legado, sobre quem foi o melhor e/ou pior governante. Os eleitores vão decidir o voto refletindo se a vida delas está melhor hoje do que foi antes”, analisa o presidente do Locomotiva.
O fato de a economia estar no topo das preocupações dos brasileiros não garante muitos ganhos de popularidade com Auxílio Brasil em R$ 400. Meirelles avalia que se o adversário de Bolsonaro fosse qualquer outra pessoa, que não Lula, os eleitores sabem que quem criou o benefício foi o ex-presidente.
“Esta referência tem muito ruído, por natureza. Claro que todos gostam de receber mais, mas a autoria do programa é mais ligada do Lula. Por isso os incentivos como subsídios que reduzam preços, por exemplo, podem fazer o brasileiro sentir a queda dos preços na hora de pagar as contas. Isto é mais autoral para o Bolsonaro”, avalia.