Chanceler brasileiro critica decisão unilateral sobre status comercial da Rússia
Ministro Carlos França cobrou deliberação coletiva; rebaixamento de condição comercial russa deve aumentar o preço dos produtos nesses países
O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, criticou nesta segunda-feira (14) a decisão unilateral de alguns países que integram a Organização Mundial do Comércio (OMC) de rebaixar o status comercial da Rússia. Segundo o chanceler, a deliberação deveria ter sido coletiva.
“O Canadá fez isso, outros seguiram, não tem a lista aqui extensiva. Mas isso me preocupa porque essa era uma decisão, penso eu, ficava, tomada se fosse, dentro do sistema multilateral de comércio, ou seja, se esse desejo canadense e para outros países”, afirmou.
Na última sexta-feira (11), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que rebaixaria a condição da Rússia de “nação mais favorecida”, junto ao G7 —grupo dos países mais industrializados do mundo, composto por EUA, Alemanha, França, Itália, Japão, Canadá e Reino Unido.
A medida permite que esses países aumentem as tarifas sobre uma ampla gama de produtos russos e também eleva a pressão sobre a economia russa após a invasão da Ucrânia. Segundo França, a sanção prevê uma alíquota de 35% para o mercado canadense, por exemplo.
“Hoje, o que nós vemos, por exemplo, em relação ao conflito Ucrânia-Rússia, que países têm, ao arrepio da OMC, mas fazendo parte da OMC, já retirado a concessão de nação mais favorecida para a Rússia, uma espécie de punição”, disse.
As declarações de França foram dadas nesta manhã, durante uma aula magna a estudantes do curso de relações internacionais do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em Brasília.
“Não acho que isso [rebaixar o status comercial da Rússia] faça bem paro o sistema multilateral de comércio. Nem para os interesses de um país como o Brasil, que tem, justamente no multilateralismo, a sua força”, completou.