CNN embarca em avião de vigilância da Otan acima da fronteira polaco-ucraniana
Radar da aeronave captou cerca de uma dúzia de aviões de fabricação russa em marcha lenta na Belarus, ao norte da usina nuclear de Chernobyl
A Rússia tem usado a Belarus como trampolim para muitas de suas operações aéreas na Ucrânia, de acordo com informações coletadas por aviões de vigilância da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) sobrevoando a fronteira polaco-ucraniana e radar visto pela CNN.
A CNN acompanhou o Esquadrão Voador 2 da Otan em uma dessas missões de vigilância na quinta-feira. Duas horas após a decolagem, às 8h no Horário da Europa Central (CET), o radar a bordo do avião AWACS da Otan – abreviação de Sistema de Alerta e Controle Aerotransportado – captou cerca de uma dúzia de aviões de fabricação russa em marcha lenta na Belarus, ao norte da usina nuclear de Chernobyl, disse à CNN o diretor tático Denis Guillaume, da Otan.
Horas depois, pelo menos nove aviões de fabricação russa foram vistos entrando no espaço aéreo ucraniano vindos da Belarus, parecendo seguir em direção a Kiev, mostrou o radar.
A “grande maioria” dos caças de fabricação russa que as forças da Otan viram entrando no espaço aéreo ucraniano desde o início da invasão russa se originou na Belarus, disse o diretor técnico da missão da Otan à CNN à bordo do voo de quinta-feira.
Em um dia particularmente “ativo” na semana passada, as forças da Otan viram cerca de 20 jatos russos vindos da Belarus para Kiev, disse ele. As aeronaves militares decolando da Belarus e entrando no espaço aéreo ucraniano apoiaram as operações militares russas na Ucrânia, disseram os aviadores da Otan à CNN.
Entre as principais questões que pairam sobre a guerra, está se as forças belarussas entraram diretamente no conflito para apoiar a Rússia.
Mas as tropas da Otan disseram que não poderiam responder a isso – Belarus e Rússia usam os mesmos MiG-29 da era soviética, disseram eles, então é difícil dizer em tempo real quem está realmente operando eles.
Os pilotos ucranianos também usam os MiG-29, eles observaram, por isso não está claro como o espaço aéreo da Ucrânia se tornou contestado.
Ainda assim, alguns sinais são óbvios, dizem eles. Por exemplo, os jatos que voam para a Ucrânia da Belarus, aliada da Rússia, claramente não são ucranianos.
O avião AWACS, no qual a CNN voou na quinta-feira, é um dos poucos ativos militares de propriedade da própria Otan, em vez de doado por um país membro, e a frota de 14 aviões AWACS juntos realiza quase duas dúzias de missões por semana, espionando mais de 400 quilômetros a leste para garantir que nenhuma aeronave hostil se dirija para o espaço aéreo da Otan.
As missões são rotineiras, mas se tornaram particularmente “intensas” desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, disse um dos copilotos à CNN.
A Otan intensificou sua defesa dos membros do flanco leste nas últimas semanas, e o voo de vigilância de quinta-feira foi particularmente longo, exigindo um reabastecimento no ar.