Marinha do Irã apreende navio ligado a Israel em escalada de tensão na região
Ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, acusou Teerã de pirataria e apelou à União Europeia por sanções
A Guarda Revolucionária do Irã apreendeu um navio porta-contêineres ligado a Israel em uma operação de helicóptero perto do Estreito de Ormuz, informou a agência de notícias estatal IRNA, com as tensões já altas depois que o Irã avisou que retaliaria por um suposto ataque israelense ao seu consulado na Síria.
A IRNA informou que a Marinha do Corpo da Guarda Revolucionária do Irã (IRGC) apreendeu o MSC Aries, de bandeira portuguesa, que está agora sendo “direcionado de volta para as águas territoriais iranianas”.
Segundo a IRNA, a embarcação é gerida pela Zodiac Maritime, empresa ligada ao empresário israelense Eyal Ofer.
A Mediterranean Shipping Company (MSC) confirmou a apreensão, afirmando que há 25 tripulantes a bordo. O governo de Portugal disse que estava em contato com as autoridades iranianas.
O Estreito de Ormuz, no extremo norte do Golfo de Omã, é o maior gargalo petrolífero do mundo. Cerca de 20% do consumo diário mundial de petróleo passa por ele todos os dias.
O Irã já realizou apreensões semelhantes antes.
Em janeiro, Teerã apreendeu um petroleiro no Golfo de Omã e transferiu-o para um porto iraniano em resposta ao confisco do mesmo navio e do seu petróleo pelos Estados Unidos no ano passado.
As tensões na região aumentaram após o ataque ao consulado do Irã na capital síria, Damasco, que matou sete funcionários, incluindo um alto comandante do IRGC, e a apreensão ocorre no contexto do conflito em Gaza.
Os rebeldes Houthis, apoiados pelo Irã no Iêmen, têm frequentemente como alvo o transporte marítimo na área do Mar Vermelho, embora tenham havido trocas de fogo regulares entre o Hezbollah e Israel ao longo da fronteira sul do Líbano.
Os Estados Unidos esperam atualmente que o Irã realize ataques contra vários alvos dentro de Israel e que grupos ligados ao Irã também possam estar envolvidos na execução dos ataques, dizem as fontes, no que marcaria uma grande escalada.
O presidente Joe Biden previu na sexta-feira que os ataques do Irã aconteceriam “mais cedo ou mais tarde” e procurou mais uma vez emitir um severo aviso público, dizendo que a sua mensagem a Teerã era simplesmente: “Não faça”.
Num comunicado em vídeo divulgado neste sábado, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, alertou que Israel estava em “alerta máximo” para “agressão iraniana”.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, acusou Teerã de pirataria.
“O regime do aiatolá Khamenei é um regime criminoso que apoia os crimes do Hamas e está agora conduzindo uma operação pirata que viola o direito internacional”, disse Katz.
The Iranian Revolutionary Guard Corps have seized a Portuguese civilian cargo ship, belonging to an EU member, claiming Israeli ownership.
The Ayatollah regime of @khamenei_ir is a criminal regime that supports Hamas' crimes and is now conducting a pirate operation in violation…
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) April 13, 2024
“Apelo à União Europeia e ao mundo livre para que declarem imediatamente o corpo da Guarda Revolucionária Iraniana como uma organização terrorista e para que sancionem o Irã agora”, completou
Autoridades europeias alertaram contra uma nova escalada entre Israel e o Irã.
O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, escreveu na plataforma de mídia social X que havia conversado com o ministro de guerra de Israel, Benny Gantz.
Os dois discutiram as suas “preocupações partilhadas sobre as ameaças iranianas de atacar Israel”, escreveu Cameron, acrescentando que “uma nova escalada na região não é do interesse de ninguém e corre o risco de novas perdas de vidas civis”.