Museu em Tóquio relembra tragédias no Japão no século XX
Terremoto, incêndio e ataques durante a Segunda Guerra Mundial, na capital japonesa, deixaram milhares de mortos
Os arranha-céus de vidro de Tóquio são a prova de como os japoneses se sentem confiantes com suas construções.
No local mais propenso a tremores no mundo, chama a atenção o número de prédios altíssimos. A tecnologia anti-terremoto tem várias formas. Os reforços na estrutura muitas vezes são aparentes – seja do lado de fora ou dentro, visível entre os andares. Ela é fruto de anos de pesquisa, medo e dor.
Com a ideia de homenagear os que sofreram, é que um museu foi criado na capital japonesa.
Em meio às tragédias, ninguém será esquecido. O primeiro andar do Kanto Earthquake Memorial Museum – Sumida é dedicado ao grande terremoto de setembro de 1923, até hoje considerado um dos piores que o país já viveu, com 7,9 de magnitude.
Relatos contam que era difícil ficar de pé. Um grande número de casas desmoronou. E com a maioria das construções sendo de madeira, incêndios iniciados depois do tremor encurralaram milhares de pessoas. O museu guarda registros do que o fogo destruiu e como a cidade e seus moradores sofreram.
O curador do museu, Yusuke Morita, conta que a área onde está hoje o museu foi duramente castigada. “Era uma área aberta, as pessoas vieram para cá escapar dos desmoronamentos. Mas o fogo também veio e muitos não conseguiram sobreviver”, explica o curador.
Pelo menos 58 mil pessoas morreram. O museu destaca também uma espécie de prestação de contas, um quadro que mostra quanto foi recolhido em doações para recuperar a cidade. Dinheiro que veio, inclusive, do Brasil.
Em 1930, sete anos depois do terremoto, a cidade de Tóquio já estava completamente reconstruída.
Funcionando normalmente, os moradores voltando com suas vidas normais. Até que alguns anos depois, em 1944, começa outra tragédia – essa feita pelo homem.
A segunda guerra mundial. A partir de novembro de 1944, teve início o bombardeio de boa parte do país, mas especialmente a capital japonesa, pelos Estados Unidos. Aviões B-29 decolavam das ilhas Marianas, no pacífico sul, e voavam cerca de 3.000 quilômetros para despejar toneladas de bombas.
O segundo andar do museu registra esse momento, particularmente a madrugada entre 9 e 10 de março de 1945.
Foi quando, o destino de milhares de pessoas foi selado, e, de novo pelo fogo. As bombas eram incendiárias e as construções de madeira e ventos fortes ajudaram a disseminar destruição e morte. Os japoneses afirmam que os bombardeios eram feitos indiscriminadamente. Nessa noite, morreram mais de cem mil moradores de Tóquio.
As almas de todas essas vítimas são lembradas num templo que foi construído bem ao lado do museu. Até o fim da guerra, quem podia, mandava os filhos para o interior do país.
O Kanto Earthquake Memorial Museum – Sumida, que tem visitação gratuita, guarda as cartas que eram trocadas entre as famílias. O Japão só se rendeu depois do bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945, selando o fim da guerra.