Produção industrial recua 2,4% em janeiro e fica abaixo do patamar pré-pandemia
Setor se encontra 3,5% abaixo do patamar de antes do início da pandemia, em fevereiro de 2020, e 19,8% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011
A indústria foi marcada pela perda de dinamismo e queda disseminada entre seus segmentos no primeiro mês de 2022, disse o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (9).
A produção industrial recuou 2,4% em janeiro frente ao mês anterior, mostra a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo instituto. Com isso, o setor elimina grande parte do avanço de 2,9% registrado em dezembro de 2021.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a queda foi de 7,2%. O mercado esperava queda de 1,9% na comparação mensal e de 6%, na anual.
“Todas as grandes categorias econômicas mostram recuo na produção, tanto na comparação com o mês anterior quanto na comparação com janeiro de 2021”, destaca o gerente da pesquisa, André Macedo, em nota.
Em comparação ao patamar registrado anteriormente à pandemia, em fevereiro de 2020, o setor fica 3,5% atrás. Já em relação ao recorde de maio de 2011, a produção é 19,8% menor.
“A indústria vem sendo afetada pela desarticulação das cadeias produtivas por conta da pandemia, tendo no encarecimento dos custos de produção e na dificuldade para obtenção de insumos e matéria-prima para a produção do bem final, características importantes desse processo. Além disso, os juros e a inflação em elevação, juntamente com um número ainda elevado de trabalhadores fora do mercado de trabalho, ajudam a explicar o comportamento negativo da indústria.”, diz Macedo.
Vale ressaltar que o setor fechou 2021 com alta de 3,9%, o primeiro positivo após dois anos. Em 2019, a queda havia sido de 1,1% e, em 2020, de 4,5%. Apesar de ter encerrado o ano passado em alta, a produção teve oito taxas negativas ao longo de 2021.
20 de 26 atividades têm queda
Na comparação com dezembro de 2021, 20 das 26 atividades industriais pesquisadas apontaram recuo na produção, diz o IBGE. Em comparação com janeiro de 2021, 18 registraram queda.
O destaque negativo foi o grupo de veículos automotores, reboques e carrocerias, que recuou 17,4% de dezembro a janeiro depois de crescer 18,2% nos dois últimos meses de 2021. Esse segmento foi seguido por indústrias extrativas (-5,2%), que havia registrado alta na produção de 6% no acumulado de novembro e dezembro.
Na comparação com janeiro de 2021, as duas atividades também foram as que mais impactaram negativamente o índice geral, com queda de 23,5% na primeira e de 6,7% na segunda, diz o IBGE.
O gerente da pesquisa destaca que o segmento de veículos automotores é um exemplo importante de desarticulação da cadeia produtiva, já que tem dificuldades na obtenção de insumos importantes para a produção do bem final. “Já o setor extrativo, em janeiro de 2022, teve a extração do minério de ferro bastante afetada pelas chuvas em Minas Gerais”, diz.
*Publicado por Ligia Tuon