Não há racionalidade em subsidiar combustíveis fósseis, diz ex-diretor da ANP
Palácio do Planalto convocou especialistas do mercado de óleo e gás para ouvir sugestões para solucionar o choque de preços dos combustíveis
Com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, diversas commodities tiveram seus preços alavancados nos últimos dias. Tanto que o Petróleo atingiu seu nível mais alto desde 2008 na segunda-feira (7), quando os países ocidentais pesaram um embargo ao petróleo da Rússia, o segundo maior exportador do mundo.
E alguns países pensam em medidas para tentar conter a alta desenfreada do custo do barril. Segundo a analista da CNN, Thaís Herédia, o Palácio do Planalto convocou especialistas do mercado de óleo e gás para ouvir sugestões para solucionar o choque de preços dos combustíveis.
A guerra explodiu e o governo precisa adotar uma política pública para subsidiar os preços de diesel e botijão de gás, prioritariamente. Sem isso, corremos o risco de desabastecimento”, disse um dos analistas que pediram anonimato.
Porém, em entrevista à CNN, David Zylbersztajn, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), critica a medida e diz que “não vejo pelo menos nenhuma racionalidade em você desvirtuar uma finalidade mais correta de uso de dinheiro público do que financiar combustíveis fósseis”.
Ele afirma que ou será redirecionada uma parte dos recursos que deveriam estar em necessidades fundamentais, como saúde e educação, ou será gerada uma dívida. “Nos dois casos, a sociedade perde”, diz.
“[Com as possíveis medidas do governo], criaremos um desequilíbrio muito grande, o que causará um estrago maior para aqueles que vão pagar a conta (os brasileiros que possuem carro e precisam abastecer)]”, afirma o especialista.
Zylbersztajn diz que o problema do preço da commodity não tem como ser resolvido politicamente: “nem o congresso, nem o presidente, tem uma gerência sobre o preço do petróleo”.
De todo modo, ele destaca ser necessário ficar atento sobre quanto tempo durará a guerra na Ucrânia, pois, se a situação ficar circunscrita apenas a Rússia, “o mercado terá capacidade de adaptação relativamente rápida, já que não haverá falta de petróleo”.
“Já tivemos situações mais graves”, finaliza o ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo.
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