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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Tarcísio consulta Alexandre de Moraes sobre sucessão no MP-SP

    Instituição realiza neste sábado (13) a eleição para escolher o novo procurador-geral do estado; cinco nomes disputam o posto

    O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem feito consultas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sobre a sucessão no Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

    A instituição realiza neste sábado (13) a eleição para escolher o novo procurador-geral do estado. Cinco nomes disputam o posto e serão votados por 2037 votantes. Eles comporão uma lista tríplice da qual o governador escolherá um nome.

    As consultas a Moraes se devem pelo fato de ele ser egresso do órgão — o ministro foi promotor de justiça por onze anos e sempre costuma ser ouvido sobre as movimentações no MP-SP.

    O outro motivo é que chegou ao governador a informação de que haveria um veto de Moraes a um dos favoritos na disputa, José Carlos Cosenzo.

    Tarcísio manifestou a um interlocutor preocupação com esse veto e que se ele de fato existisse seria um empecilho para a nomeação de Cosenzo.

    Aliados de Tarcísio disseram à CNN que a versão de que há um veto a Cosenzo por parte de Moraes “não se sustenta”.

    A informação, porém, passou ao longo da campanha como um argumento contra Cosenzo. O candidato inclusive procurou o ex-presidente Michel Temer, responsável pela nomeação de Moraes ao STF, para uma conversa sobre a conjuntura na qual foi tratado do assunto.

    Temer confirmou à CNN a conversa e disse que recebeu a informação de Brasília de que não havia veto algum de Moraes a Cosenzo. “De fato conversei com o Cosenzo sobre isso e depois lhe disse que recebi a informação de que não havia nada do Moraes contra ele”, disse.

    Moraes e Cosenzo foram contemporâneos no MP-SP, mas integravam grupos internos distintos. Depois, Moraes concorreu e venceu no Senado uma disputa contra Sergio Renault para uma vaga no Conselho Nacional de Justiça. Segundo fontes do MP-SP, Cosenzo teria trabalhado por Renault, o que incomodou Moraes.

    A CNN procurou Moraes, mas ele não se manifestou.

    Cosenzo hoje é visto como um dos favoritos na disputa deste sábado e amealhou durante a campanha apoio de políticos de diversas vertentes e também da base.

    Ele tem 71 anos e ao longo da carreira dirigiu associações de classe, o que o torna dos nomes mais cotados. Ele se aproximou nas últimas semanas de dois influentes políticos, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Andre do Prado, e o vice-governador, Felício Ramuth.

    Um dos principais nomes que disputam com ele é o de Paulo Sergio Oliveira e Costa, ex-diretor da Escola Superior do MP-SP. Ele estudou na juventude com o secretário de Governo, Gilberto Kassab, um dos nomes mais influentes do governo Tarcísio. Kassab conseguiu recentemente, por exemplo, indicar um aliado para o Tribunal de Contas do Estado.

    Sarrubo

    Uma manifestação em um grupo de WhatsApp do chefe do MP-SP nos últimos quatro anos, o secretário nacional de segurança pública do governo Lula, Mario Sarrubo, ajudou a inflar a avaliação de que Paulo Sergio seria o preferido de Moraes.

    Sarrubo, muito próximo a Moraes, pediu em um grupo de WhatsApp chamado “Cosenzo 2024/2026” que os promotores votem também em Paulo Sérgio Oliveira.

    “Compreendo a questão do voto único. Mas ponderaria a importância de termos mais um nome com nosso perfil na lista”, disse o secretário de Segurança Pública.

    Como a CNN mostrou, Sarrubou adiou a posse no cargo em Brasília para gerenciar a sua sucessão.

    O receio dele, segundo seus interlocutores, é que vençam a eleição dois candidatos críticos de sua gestão: Antonio Carlos da Ponte, ex-secretário adjunto da Segurança Pública de São Paulo; e José Carlos Mascari Bonilha, ex-diretor geral do MP-SP.

    A manifestação no grupo gerou incômodo entre promotores, que consideraram uma interferência indevida no processo eleitoral.

    Procurado ontem pela CNN, Sarrubo não se manifestou.

    A ex-corregedora do MP-SP, Tereza Exner, tem apoio de correntes mais progressistas do órgão e corre por fora na disputa interna.

    A aposta no MP é que a lista tríplice deverá trazer Cosenzo, Da Ponte e Paulo Sergio. Na eleição, os promotores podem votar em até três nomes.