Diferença de renda entre gêneros é de US$ 172 tri ao longo da vida, diz relatório
Quase 180 países têm legislações que impossibilitam a plena participação econômica feminina no mercado de trabalho
O relatório Mulheres, Negócio e a Lei 2022, divulgado nesta segunda-feira (7) pelo Banco Mundial, alertou que quase 2,4 bilhões de mulheres no mundo não têm os mesmos direitos econômicos que os homens. A diferença é quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) mundial: US$ 172 trilhões.
Em todo o mundo, o levantamento apontou que as mulheres têm somente 75% dos direitos dados aos homens. Uma marca de 76,5 de uma possibilidade de 100, que seria a completa paridade.
Segundo o estudo, 178 países ainda mantêm barreiras legais que evitam a inteira participação econômica feminina no mercado de trabalho. Desses, 86 nações têm algum tipo de restrição para alcançar direitos iguais e, em outros 95, há falhas nas garantias dos pagamentos iguais para homens e mulheres que exercem as mesmas funções.
Apenas 23 países analisados teriam apresentado avanços na legislação para melhorar a inclusão econômica das mulheres. Angola, por exemplo, criminalizou o assédio sexual no ambiente de trabalho.
“É importante fazer as ligações entre a inclusão financeira e jurídica das mulheres o mais cedo possível. Considere o exemplo de Madame Ngetsi na República Democrática do Congo. A boa notícia é que agora ela pode abrir uma conta bancária, obter um empréstimo, assinar um contrato, registrar seu negócio e registrar terras sem necessidade de autorização do marido, após reformas na família código em 2016. Mas ainda há trabalho a ser feito. Maridos ainda controlam a propriedade conjugal e eles ainda são legalmente o chefe da família”, diz o documento.
Apenas 12 países, todos membros da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Europa (OCDE), têm paridade de gênero. Um recorte do levantamento examinou aspectos como creche, empregos assalariados e aplicabilidade das leis em 95 países. Muitas reformas focam em proteção de assédio sexual no trabalho, proibição da discriminação, aumento de férias pagas para novos pais e a remoção de restrições de trabalho para mulheres.
A vice-presidente e economista-chefe do Grupo Banco Mundial, Carmen Reinhart, afirmou que as mulheres não poderão alcançar igualdade no local de trabalho, se tiverem numa situação de desvantagem em casa. Em todo o mundo, 118 países garantem 14 semanas de licença-maternidade. 114 também pagam licença para os pais, mas a duração média é de uma semana.