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    Igreja Católica de Portugal indenizará vítimas de abuso sexual

    Em fevereiro de 2023, um relatório de uma comissão portuguesa financiada pela Igreja concluiu que pelo menos 4.815 menores haviam sido abusados sexualmente por clérigos

    Catarina DemonyMiguel Pereirada Reuters

    A Igreja Católica de Portugal disse nesta quinta-feira (11) que indenizará financeiramente as vítimas de abuso sexual infantil dentro da Igreja e que os valores a serem pagos serão definidos caso a caso, uma abordagem criticada por grupos de sobreviventes.

    Os membros da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) estão reunidos desde segunda-feira (8) no Santuário de Fátima, no centro de Portugal, para discutir a indenização, entre outras questões.

    Em fevereiro de 2023, um relatório de uma comissão portuguesa financiada pela Igreja concluiu que pelo menos 4.815 menores haviam sido abusados sexualmente por clérigos — a maioria padres — ao longo de sete décadas.

    Os autores do relatório disseram que suas descobertas eram a “ponta do iceberg”, e o chefe da comissão, Pedro Strecht, acrescentou que mais de 100 padres suspeitos de abuso sexual de crianças continuavam ativos em funções na Igreja.

    No mês seguinte, a Igreja anunciou uma série de medidas para combater o abuso sexual infantil, mas foi duramente criticada por não adotar medidas mais rígidas.

    O bispo José Ornelas, presidente da CEP, disse que a assembleia da organização aprovou por unanimidade a concessão de indenização, com pedidos a serem apresentados de junho a dezembro deste ano. Vinte e uma pessoas já solicitaram indenização.

    Um comitê determinará o valor a ser dado a cada vítima e um fundo recém-criado pela CEP será usado para fazer os pagamentos, disse Ornelas.

    Os critérios para decidir os valores ainda estão sendo trabalhados, disse Ornelas, explicando que nenhum valor máximo foi definido e que a gravidade dos casos será levada em consideração.

    António Grosso, cofundador do grupo de sobreviventes de abuso sexual da igreja Coração Silenciado, apontou o dedo para a abordagem caso a caso do CEP.

    “Não sei que fita métrica eles usarão para avaliar o sofrimento das pessoas, pessoas que terão que contar suas histórias novamente para ver se merecem mais ou menos centavos”, disse ele à Reuters, argumentando que todas as vítimas deveriam receber o mesmo.

    Grosso também disse que a CEP deveria ser proativa e entrar em contato com as vítimas diretamente em vez de esperar que elas solicitem a indenização.

    “Ao esperar pelas solicitações, a CEP está demonstrando uma atitude passiva”, disse Grosso. “Não somos pedintes.”

    Escândalos de abuso sexual abalaram a Igreja Católica em vários outros países, incluindo Estados Unidos, Irlanda e França.

    Na vizinha Espanha, a Igreja disse em novembro que indenizaria as vítimas de abuso sexual mesmo em casos que não foram concluídos porque o padre agressor morreu, em uma mudança de sua posição anterior sobre o assunto.

    Ornelas disse que a indenização também seria dada às vítimas portuguesas que acusam padres que já morreram.

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