Chanceler russo diz que não está otimista sobre negociações com Ucrânia
Em coletiva de imprensa neste sábado (5), Sergey Lavrov disse que "declarações raivosas" do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky "não inspiram otimismo"
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse neste sábado (5) que as “declarações raivosas” do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não inspiram otimismo sobre o destino das negociações para encerrar as hostilidades na Ucrânia.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que estava aberto a conversas com Lavrov, mas apenas se tais negociações fossem “significativas”.
O Ministério da Defesa da Rússia disse que ninguém fez uso de dois corredores humanitários instalados perto das cidades ucranianas de Mariupol e Volnovakha neste sábado e acusou “nacionalistas” ucranianos de impedir a saída de civis, informou a agência de notícias RIA.
Em comentários que contrastam fortemente com os comentários de autoridades ucranianas, o ministério disse que as forças russas foram atacadas depois de estabelecer os corredores humanitários durante um cessar-fogo parcial.
“Devido ao fato de que os russos não observam o regime de silêncio e continuam bombardeando Mariupol e seus arredores, por razões de segurança, a evacuação da população foi adiada”, acrescentou.
O governo ucraniano disse que o plano era evacuar cerca de 200 mil pessoas de Mariupol e 15 mil de Volnovakha por intermédio da Cruz Vermelha.
Entendendo o cessar-fogo
O ministério da Defesa da Rússia anunciou, neste sábado (5), um cessar-fogo nas cidades ucranianas de Mariupol e Volnovakha para permitir a liberação de corredores humanitários para a fuga de civis.
De acordo com o governo russo, a interrupção dos ataques e bombardeios teve início às 10h no horário de Moscou (04h pelo horário de Brasília), e servirá para que civis fujam com segurança de suas casas.
“Hoje, 5 de março, a partir das 10h, horário de Moscou, o lado russo declara um regime de cessar-fogo e abre corredores humanitários para a saída de civis de Mariupol e Volnovakha”, disse o ministério em comunicado. “Corredores humanitários e rotas de saída foram acordados com o lado ucraniano.”
Este é, até o momento, o primeiro cessar-fogo feito pelo exército da Rússia desde que as tropas do país começaram a invasão da Ucrânia no dia 24 de fevereiro.
Mykhailo Podoliak, chefe do gabinete do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, confirmou que os corredores de evacuação estão sendo preparados em regiões do país. “As partes cessaram fogo temporariamente na área dos corredores”, disse Podoliak em sua conta oficial no Twitter.
Mariupol, no sul da Ucrânia, é considerada um ponto estratégico devido a sua saída para o mar, se tornando um alvo em potencial no conflito. O prefeito da cidade portuária, Vadym Boichenko, anunciou que as tropas russas bloquearam toda a região e estão impedindo o fornecimento de energia, água e aquecimento, além de danificarem rodovias.
Autoridades da cidade disseram que os dois lados concordaram que os ucranianos terão cinco horas para cruzarem os corredores humanitários enquanto os disparos estiverem interrompidos.
Na última quinta-feira (3), em um encontro para negociações entre os dois países, representantes da Ucrânia e da Rússia já haviam concordado com os corredores humanitários — locais que não seriam alvos de ataques russos e serviriam para a passagem de refugiados e recursos.
“Os ministérios de defesa russo e ucraniano concordaram em fornecer corredores humanitários para civis e em um possível cessar-fogo temporário em áreas onde a evacuação está acontecendo”, declarou o chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, na última quinta-feira (3).
O assessor do Ministério do Interior ucraniano, Anton Herashchenko, disse neste sábado que haverá mais acordos com a Rússia sobre o estabelecimento de corredores humanitários para evacuar civis das comunidades da linha de frente.
*Com informações da CNN Internacional e da Reuters