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    Inadimplência no Brasil atinge maior nível em 12 anos, aponta CNC

    Levantamento indica que 27% dos brasileiros possuem contas em atraso, sendo que pelo menos 10,5% não têm condições de honrar os compromissos

    Lucas Janoneda CNN , no Rio de Janeiro

    O Brasil registrou o maior número de famílias com contas atrasadas em 12 anos. Ao todo, 27% dos consumidores estavam nessa situação em fevereiro, segundo uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (3) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

    A quantidade de pessoas com dívidas ou contas já vencidas chegou ao maior patamar desde março de 2010 e não tem previsão de melhoria a curto prazo, segundo a entidade.

    Isso porque pelo menos 10,5% dos entrevistados não têm condições de honrar os compromissos para reverter o cenário.

    O levantamento também mostra que 76,6% dos brasileiros relataram ter algum tipo de dívida a vencer em fevereiro, um aumento considerável quando comparado aos devedores no mesmo período em 2021. Há exato um ano, esse índice era de 66,7%.

    De acordo com a CNC, o endividamento subiu tanto entre os mais ricos como entre os mais pobres.

    Para a faixa de até dez salários mínimos, as famílias com contas a vencer superaram a média brasileira e atingiram 77,8%.

    Já entre os que têm renda acima dos dez salários mínimos, a inadimplência foi de 72,2%. Apesar de ser menor que o nível médio nacional, o indicador representa o maior do patamar histórico.

    “A alta da inflação e dos juros tem deteriorado os orçamentos domésticos, culminando no acirramento dos indicadores de inadimplência, a qual vinha apontando tendência de alta desde o último trimestre do ano passado”, detalha a pesquisa.

    “O poder de compra das famílias também está afetado pelo nível de endividamento elevado, com as dívidas já contratadas”, complementa.

    Diante dessa conjuntura, a análise chama a atenção para fatores que vão impactar a saúde financeira dos consumidores brasileiros ao longo de 2022.

    “O encarecimento do crédito no Brasil e a fragilidade apontada no mercado de trabalho, especialmente em ano eleitoral, devem seguir afetando a dinâmica do endividamento e da inadimplência dos consumidores”, ressalta o documento.

    Para realizar essas projeções, a entidade leva em conta formas de pagamento como cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, carnês de lojas, crédito consignado, empréstimo pessoal e prestações de carro e de casa.

    Todos os meses, a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional) ouve cerca de 18 mil pessoas em todas as capitais e no Distrito Federal.

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