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    Governo Biden acredita em blefe de Netanyahu sobre data de invasão a Rafah

    Funcionários da Casa Branca ouvidos pela CNN duvidam que premiê israelense tenha plano prático de operação terrestre no sul da Faixa de Gaza

    MJ LeeAlex Marquardtda CNN

    O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, rejeita a versão do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de que foi fixada uma data para uma ofensiva terrestre em Rafah, última cidade da Faixa de Gaza, que faz fronteira com o Egito. 

    Funcionarios do alto escalão da Casa Branca disseram à CNN que a declaração trata-se de um blefe, que é em grande parte alimentado pela posição política frágil que Netanyahu tem atualmente no país. 

    A administração de Biden tem questionado publicamente a insistência de Netanyahu de que Israel decidiu em que momento vai enviar tropas a Rafah. Altos funcionários de segurança nacional de Biden disseram nesta terça-feira (9) que nenhuma data foi compartilhada com eles.

    Em particular, vários altos funcionáriosdo governo criticaram o pronunciamento de Netanyahu — que foi seguido nesta terça-feira (9) por uma declaração de que “nenhuma força no mundo” impedirá que as tropas israelenses entrem em Rafah.

    O primeiro-ministro israelense tem lutado para equilibrar o objetivo de eliminar o Hamas com a tremenda pressão de alcançar um cessar-fogo que libertaria reféns israelenses, que ainda estão nas mãos do grupo radical. Autoridades israelenses argumentam que quatro batalhões do Hamas permanecem em Rafah e que devem ser eliminados.

    Netanyahu também pode enfrentar, assim que a guerra termine, um ajuste de contas político com o povo israelense, que ainda cobra explicações sobre como o Hamas foi capaz de atacar Israel sem que o serviço de inteligência avisasse. Ele também enfrenta o risco de um eventual fim da coalização de extrema direita que o colocou no poder.  

    Ao rejeitar os planos de Netanyahu sobre Rafah, as autoridades americanas reiteraram que os EUA não viram nenhum plano abrangente de como os israelenses realizariam tal operação, incluindo, em primeiro lugar, a retirada de 1,4 milhão de civis para fora da cidade, último reduto de palestinos que fugiram da guerra na parte norte da Faixa de Gaza.

    “Não temos uma data para qualquer operação de Rafah, pelo menos nenhuma nos foi comunicada pelos israelenses”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, nesta terça-feira (9), acrescentando: “Não vejo nada iminente.”

    “Se ele tem uma data, não compartilhou conosco”, também disse aos repórteres nesta terça-feira (9) o conselheiro de segurança nacional do presidente Joe Biden, Jake Sullivan.

    Em uma chamada com o Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, na segunda-feira (8), o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, disse a Austin que Israel ainda está montando um plano para uma potencial invasão de Rafah e fazendo os preparativos necessários — inclusive para a proteção de civis — e não indicou que uma data foi marcada para a operação. Essa versão foi compartilhada por várias pessoas familiarizadas com a chamada à CNN.

    Biden continua sensível à atual posição política de Netanyahu, incluindo o quanto o primeiro-ministro está em dívida com sua base ultraconservadora, a mais de direita na história de Israel, disse um alto funcionário da administração à CNN.

    Ainda assim, os funcionários dos EUA — todos de Biden para baixo — têm sido em grande parte cuidadosos de não comentar publicamente sobre a política israelense durante todo o curso da guerra Israel-Hamas.

    Essas observações privadas foram, por vezes, tornadas públicas. Falando a doadores em Washington em dezembro, Biden criticou o governo de linha dura de Israel ao pedir a Netanyahu para alterar sua abordagem à guerra.

    “Acho que ele tem que mudar, e com esse governo, esse governo em Israel está tornando muito difícil para mudar”, disse Biden, chamando o governo de Netanyahu de “o governo mais conservador da história de Israel.”

    Na ocasião, Biden alertou que o apoio à operação militar de Israel estava diminuindo em meio ao bombardeio pesado de Gaza e acrescentou que a coalizão de Netanyahu “não quer uma solução de dois Estados.”

    Em uma reunião virtual na semana passada, autoridades de segurança nacional de Biden pressionaram autoridades israelenses, incluindo o ministro de assuntos estratégicos, Ron Dermer, e o conselheiro de segurança nacional, Tzachi Hanegbi, sobre como as Forças de Defesa de Israel tirariam um grupo tão grande de civis de Rafah.

    Eles perguntaram sobre detalhes práticos, incluindo onde essas pessoas seriam alojadas e quanta comida e água seriam necessárias para eles, de acordo com um alto funcionário da administração e duas fontes informadas sobre as negociações.

    Autoridades israelenses não forneceram respostas abrangentes às perguntas na reunião, disseram as fontes. Desde então, os dois lados tiveram discussões de acompanhamento e espera-se que a reunião de acompanhamento pessoalmente ocorra na próxima semana, disse Blinken na terça-feira (9).

    Na semana passada, autoridades israelenses também argumentaram que não entrar em Rafah seria um desperdício dos esforços feitos para erradicar o Hamas durante os primeiros seis meses do conflito, de acordo com uma das fontes familiarizadas com o tema. O Hamas iria se reconstruir a partir dos batalhões restantes lá, disseram as autoridades envolvidas.

     

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