Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Vacina e isolamento podem ter evitado 66 mil mortes no Rio, diz Fiocruz

    Estimativa da fundação é de que as medidas preventivas contra a Covid também evitaram 380 mil hospitalizações

    Vacinas da AstraZeneca contra a Covid-19 com fabricação 100% nacional pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
    Vacinas da AstraZeneca contra a Covid-19 com fabricação 100% nacional pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Myke Sena/MS

    Nathalie Hanna Alpacada CNN* No Rio de Janeiro

    Uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que a vacinação e o isolamento social podem ter evitado mais de 380 mil hospitalizações e 66 mil mortes na capital fluminense até junho de 2021. O objetivo do estudo, publicado em dezembro no jornal Infectious Disease Modelling, foi compreender o real impacto de medidas farmacológicas e não farmacológicas para deter a pandemia da Covid-19.

    De acordo com a pesquisa, apenas a vacinação teria evitado mais de 230 mil casos de hospitalizações e mais de 43 mil mortes. Já as medidas não farmacológicas, como uso de máscaras e isolamento, 150 mil hospitalizações e 23 mil óbitos pela doença.

    Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) desenvolveram modelos matemáticos capazes de capturar e descrever a dinâmica da Covid-19 na cidade do Rio de Janeiro. A intenção do estudo era mostrar que a redução de óbitos e casos graves viria a partir da adoção de políticas combinadas, entre as ações farmacológicas, como a vacinação, e as não farmacológicas, como o uso de máscara, isolamento social, higiene, entre outras.

    Segundo o coordenador do estudo, Daniel Villela, a pesquisa foi feita em um período em que havia grande disseminação da variante Gama, e a vacinação foi uma das principais responsáveis por frear os casos graves.

    “O que aconteceu já foi uma tragédia, mas teríamos tido um número de casos e hospitalizações ainda maior, se não fossem as medidas adotadas”, comenta.

    Vale ressaltar que a vacinação contra a Covid-19 começou, no Brasil, no dia 17 de janeiro de 2021. O primeiro semestre da campanha foi marcado por uma série de problemas, como mudanças de orientação sobre intervalo entre as doses, falhas em bancos de dados, deslocamentos populacionais em busca de imunizantes, disseminação de notícias falsas, falta de comunicação por parte do governo e o surgimento de novos personagens sociais, como os fiscais de comorbidade e os “sommeliers” de vacina (pessoas que queriam escolher o fabricante do imunizante que iriam receber).

    Além disso, a escassez dos imunizantes foi um dos fatores principais que atrapalhou o avanço da campanha que, segundo o Ministério da Saúde, foi provocado pela demora na obtenção das doses, consequência da alta demanda mundial.

    De acordo com o pesquisador Daniel Villela, a chegada da variante Ômicron no país e na cidade fluminense alterou o cenário pandêmico. Mas, para ele, os cuidados tomados e o resultado do levantamento mostram que as políticas combinadas são necessárias.

    “Mesmo com a entrada de uma nova variante como essa, do aumento de casos decorrentes disso e das doses de reforço da vacina, temos que continuar tomando os cuidados. De certa forma, é uma repetição do mesmo filme, mas com outros elementos. A mensagem é a de que as políticas combinadas continuam sendo importantes e atingindo os melhores resultados”.

    As informações analisadas no estudo sobre casos, hospitalizações e óbitos são do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

    Vacinação no Rio

    No Estado do Rio de Janeiro, 77% da população acima de 12 anos está com o esquema vacinal completo (primeira e segunda dose ou dose única). São mais de 11 milhões (11.287.223) de pessoas imunizadas contra a Covid-19. No público infantil, 24% já recebeu a primeira dose da vacina. Isso representa mais de um milhão (1.522.979) de crianças, na faixa etária de 5 a 11 anos.

    Na cidade do Rio de Janeiro, 83,2% da população total está com o esquema vacinal completo. Isso corresponde a mais de dois milhões (2.840.903) de cariocas. No total 62% das crianças, de 5 a 11 anos, estão com a primeira dose em dia, o que representa mais de 300 mil (347.547) pessoas.

    Vacinação no Brasil

    Em todo país, 83% da população acima de 12 anos está vacinada com as duas doses. Ao todo, mais de 143 milhões (143.355.526) de brasileiros tomaram as duas doses do imunizante.

    Em relação às crianças, 25,5% do público infantil recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Isso significa que mais de 5 milhões (5.230.303) de crianças, na faixa etária de 5 a 11 anos, já receberam a primeira dose.

    * Sob supervisão de Isabelle Resende