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    Crianças com Síndrome Congênita da Zika têm mais chances de morrer, diz Fiocruz

    Estudo inétido foi feito com mais de 11 milhões de nascidos entre os anos de 2015 e 2018 e publicado no The New England Journal of Medicine

    Iuri Corsinida CNN , Rio de Janeiro

    Estudo inédito da Fiocruz mostrou que crianças de até três anos de idade com Síndrome Congênita do Vírus zika (SCZ) têm até 11 vezes mais chances de morrer em relação às que não têm a síndrome.

    A pesquisa foi publicada no The New England Journal of Medicine e faz parte da pesquisa Plataforma de Vigilância de Longo Prazo para Zika e suas Consequências, coordenada pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).

    Segundo a Fiocruz, o estudo teve como objetivo comparar “a mortalidade entre crianças com e sem a Síndrome, levando em conta fatores como o peso e a idade gestacional no nascimento”, e também identificar as principais causas de mortes de crianças com a síndrome.

    Os pesquisadores fizeram um acompanhamento dos nascidos durante 26 meses e analisaram dados de mais de 11 milhões de nascidos cadastrados no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), no período entre os anos 2015 e 2018.

    A epidemia da zika atingiu seu pico no Brasil em 2015. É um vírus que pode se apresentar de distintas formas. As crianças podem desenvolver anomalias estruturais, como a microcefalia; e funcionais, como dificuldade para engolir, ou ter sequelas clínicas como a epilepsia.

    O estudo apontou que as chances de morte de crianças entre 1 e 3 anos de idade com zika é até 22 vezes maior do que a das crianças sem a doença. Já entre os bebês de até 28 dias essa chance é sete vezes maior do que em crianças sem a síndrome.

    Para a autora do estudo, Enny Paixão, pesquisadora do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) e professora assistente da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), os resultados são alarmantes, mas, ao mesmo tempo, importantes para esclarecer as causas de mortalidade nestas crianças.

    “Quando entendemos essas causas podemos pensar nos mecanismos que podemos utilizar para evitar com que essas mortes aconteçam, para que a gente melhore a sobrevivência e qualidade de vida dessas crianças. Assim, podemos criar protocolos mais efetivos, o que é de extrema importância”, destacou.

    A análise do estudo mostrou que as doenças parasitárias e infecciosas estão entre as principais causas de morte neste grupo, bem como a mortalidade por anomalias congênitas, como a microcefalia. Após um ano de idade, as mortes relacionadas ao sistema nervoso aumentam consideravelmente em comparação às crianças sem o vírus.

    “Observamos também algumas mortes relacionadas à dificuldade que essas crianças têm na deglutição. Tendo isso em mente, quando treinamos as mães para preparar alimentos que são adequados a essas crianças para que elas se alimentem da forma adequada, podemos inclusive evitar que elas venham a falecer de desnutrição proteico calórica como foi observado no estudo”, explicou Enny Paixão.

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