Entre líderes do Cone Sul, Bolsonaro é único a não citar ataque da Rússia à Ucrânia
Líderes de Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai fizeram postagens em suas redes oficiais; maioria condenou ou se posicionou contra ataque; exceção foi presidente brasileiro
Líderes de países do Cone Sul, região que engloba Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, fizeram postagens em suas redes oficiais nesta quinta-feira (24) após a invasão do território da Ucrânia por tropas da Rússia.
A maioria condena ou se posicionou pelo fim dos ataques. A exceção é o presidente Jair Bolsonaro, que cita o conflito militar apenas de forma indireta e trata prioritariamente do atendimento aos brasileiros que estão no país europeu.
“Estou totalmente empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia. Nossa Embaixada em Kiev permanece aberta e pronta a auxiliar os cerca de 500 cidadãos brasileiros que vivem na Ucrânia e todos os demais que estejam por lá temporariamente”, afirmou Bolsonaro, no primeiro dos cinco tuítes publicados às 15h51 (horário de Brasília).
No terceiro tuíte, o Bolsonaro se dirige aos nacionais “que se encontrem no leste do país e em outras regiões em conflito, que mantenham contato diário com o governo brasileiro por meio de nossa Embaixada”. Em nenhum momento é escrita a palavra “Rússia” ou feita menção aos russos.
– Estou totalmente empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia.
– Nossa Embaixada em Kiev permanece aberta e pronta a auxiliar os cerca de 500 cidadãos brasileiros que vivem na Ucrânia e todos os demais que estejam por lá temporariamente.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 24, 2022
Mais cedo, uma nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores definiu o ataque como “deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia”.
“O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”, prosseguiu o texto, avaliado como uma tentativa de evitar a crítica direta ao governo de Vladimir Putin.
Bolsonaro esteve na semana passada em visita oficial e disse ser “solidário à Rússia”, o que causou repercussão negativa na comunidade internacional.
Rechaço e condenação
O primeiro presidente do Cone Sul a se manifestar foi o uruguaio Luis Lacalle Pou, às 10h57: “Forças militares russas lançaram uma ofensiva contra Ucrânia. Uruguai é um país que sempre aposta na paz. Rechaçamos as ações contrárias ao direito internacional e aos princípios da ONU. Urge que voltem as negociações para resolver civilizadamente o conflito”, postou o presidente do Uruguai.
Fuerzas militares rusas lanzaron una ofensiva contra Ucrania. Uruguay es un país que siempre apuesta por la paz. Rechazamos las acciones contrarias al derecho internacional y a los ppios de la ONU. Urge que vuelvan las negociaciones para resolver civilizadamente el conflicto
— Luis Lacalle Pou (@LuisLacallePou) February 24, 2022
Menos de meia hora depois, foi a vez do atual presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmar que o “Chile condena a agressão armada da Rússia e sua violação à soberania e integridade territorial da Ucrânia”. “Esses atos violam o direito internacional e atentam contra vidas inocentes, a paz e a segurança internacional.”
Chile condena la agresión armada de Rusia y su violación a la soberanía e integridad territorial de Ucrania. Estos actos vulneran el derecho internacional y atentan contra vidas inocentes, la paz y la seguridad internacional.
— Sebastian Piñera (@sebastianpinera) February 24, 2022
Seu sucessor, Gabriel Boric, se posicionou na mesma linha. “A Rússia optou pela guerra como meio de resolver conflitos. Do Chile, condenamos a invasão à Ucrânia, a violação de sua soberania e o uso ilegítimo da força. Nossa solidariedade estará com as vítimas e nossos humildes esforços, com a paz”, afirmou o presidente eleito.
Rusia ha optado por la guerra como medio para resolver conflictos. Desde Chile condenamos la invasión a Ucrania, la violación de su soberanía y el uso ilegitimo de la fuerza. Nuestra solidaridad estará con las víctimas y nuestros humildes esfuerzos con la paz.
— Gabriel Boric Font (@gabrielboric) February 24, 2022
Mario Abdo Benítez escreveu que “o governo do Paraguai condena os ataques ao povo ucraniano, em uma violação dos princípios de soberania e do direito internacional, e insta os agressores a deter suas ações, chamando ao diálogo pela paz e pela estabilidade mundial”.
El gobierno de Paraguay condena los ataques al pueblo ucraniano, en violación de principios de soberanía y del derecho internacional e insta a los agresores a detener sus acciones llamando al diálogo por la Paz y la estabilidad mundial.
— Marito Abdo (@MaritoAbdo) February 24, 2022
Já o argentino Alberto Fernández, que também visitou Putin neste mês, disse “lamentar profundamente a escalada bélica que vimos a partir da situação gerada na Ucrânia”. Depois de pregar o respeito à soberania, à integridade territorial e aos direitos humanos, o presidente disse fazer um “chamado a todas as partes a não usar a força militar”. “Pedimos à Federação da Rússia que ponha fim às ações empreendidas e que todas as partes envolvidas voltem à mesa de diálogo.”
Lamento profundamente la escalada bélica que conocemos a partir de la situación generada en Ucrania.
El diálogo y respeto a la soberanía, la integridad territorial, la seguridad de los Estados y a los derechos humanos garantizan soluciones justas y duraderas a los conflictos.
— Alberto Fernández (@alferdez) February 24, 2022
A chancelaria argentina, por sua vez, foi mais enfática: “A República Argentina, fiel aos princípios mais essenciais da convivência internacional, faz o mais firme rechaço ao uso da força armada e lamenta profundamente a escalada da situação gerada na Ucrânia”. O Ministério de Relações Exteriores do segundo maior país da América do Sul também “chama a Federação da Rússia a cessar as ações militares na Ucrânia”.