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    Guerra na Ucrânia: O que sabemos e o que aconteceu até aqui

    Tropas da Rússia invadiram o território ucraniano no dia 24 de fevereiro, quando Vladimir Putin autorizou uma "operação militar especial" no país

    Da CNN

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    Após meses de escalada militar e tensão na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu no amanhecer do dia 24 de fevereiro, quando as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país.

    Para dar início à invasão, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbass (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).

    O que se viu nos dias a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev.

    Desde então, segundo a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), o conflito já fez com que mais de 4,5 milhões de pessoas deixassem a Ucrânia. Além disso, de acordo com a ONU, pelo menos 1.932 civis foram mortos e 2.589 ficaram feridos desde que a guerra começou.

    No dia da invasão, Putin se justificou por uma declaração gravada exibida na TV. O russo afirmou haver um “genocídio” em curso no leste ucraniano, promovido por tropas “neonazistas” do país contra russos étnicos e separatistas da região.

    “Era preciso pôr fim imediatamente a esse pesadelo: um genocídio voltado contra milhões de pessoas que lá vivem e cuja única esperança está na Rússia, pessoas que só têm esperança em nós, ou seja, em mim e em vocês”

    Vladimir Putin em discurso em 24 de fevereiro, dia da invasão da Ucrânia

    O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira. O Ocidente, no entanto, aplicou sanções financeiras pesadas aos russos.

    A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.

    A Rússia afirmou que só irá parar com os ataques se suas “condições” forem aceitas pela Ucrânia. Na lista, estão uma mudança da Constituição do país para resguardar neutralidade em relação à adesão em blocos, além do reconhecimento da Crimeia como território russo e das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk como territórios independentes.

    A Ucrânia recebeu uma grande onda de apoio internacional de países tanto no âmbito militar — com diversas nações ocidentais enviando armamentos, drones, sistemas de defesa contra ciberataques e outros — quanto no repúdio de instituições globais e de grande parte do setor privado aos ataques.

    O conflito mudou cenário geopolítico e é maior crise humanitária em anos na Europa. Confira os principais acontecimentos do conflito até aqui.

    Uso de bombas de fósforo branco

    presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de utilizar bombas de fósforo branco contra civis. Os russos negam quaisquer ataques contra a população civil.

    Apesar de não ser considerada uma arma química, o uso comprovado de tais artefatos contra civis poderia ser enquadrado como crime de guerra cometido pelas forças russas.

    O fósforo branco é uma substância química que, em contato com o oxigênio, entra em combustão espontânea. Geralmente é utilizado em formato de bomba, envolvido em uma espécie de película, que explode quando atinge o solo.

    Conheças as principais características das bombas de fósforo branco / Foto: Reprodução/CNN

    Corpos com sinais de tortura

    Nos dias seguintes á saída das forças russas da região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, as autoridades locais dizem que um número crescente de corpos foi descoberto.

    “Há mais de 100 mortos entre os civis na região de Sumy. Infelizmente, esse número está crescendo a cada dia”, disse Dmytro Zhyvytskyi, chefe da administração militar regional.

    “Muitas pessoas encontradas mortas com as mãos amarradas com sinais de tortura, com tiros na cabeça”, acrescentou.

    Zhyvytskyi alegou que “há pessoas que são mantidas em cativeiro e há negociações diárias para que sejam trocadas ou libertadas. Muitas pessoas cujo destino permanece desconhecido até hoje”.

    Rússia nega as acusações de tortura e de que tenha alvos civis no que chama de “operação militar especial” na Ucrânia.

    Ucranianos removem escombros de local destruído por ataque aéreo russo na região de Sumy / Foto: Reuters

    Massacre em Bucha

    A Ucrânia acusou os militares russos de executar centenas de moradores de Bucha, cidade perto da capital Kiev que foi ocupada por tropas russas por várias semanas até se retirarem. Os países ocidentais pediram que os responsáveis ​​pelos assassinatos de civis sejam punidos.

    A chefe do órgão fiscalizador de direitos humanos da Ucrânia, Lyudmyla Denisova, disse que entre 150 e 300 corpos podem estar em uma vala comum ao lado de uma igreja na cidade. Uma equipe da CNN visitou o local e viu ao menos cinco corpos antes da remoção de um porão.

    Rússia nega ter como alvo civis na Ucrânia e disse que as mortes em Bucha, na região de Kiev, foram uma “falsificação monstruosa” encenada pelo Ocidente para desacreditá-la.

    Soldados ucranianos ao lado de cova em Bucha, na Ucrânia / Foto: REUTERS/Alkis Konstantinidis

    Rússia suspensa do Conselho de Direitos Humanos da ONU

    No início de abril, a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu por ampla maioria suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos do órgão.

    A resolução, adotada pela minuta de 193 membros da Assembleia-Geral, expressou “grande preocupação com a crise humanitária e de direitos humanos em andamento na Ucrânia“, particularmente com relatos de abusos de direitos por parte da Rússia. O Brasil foi um dos que decidiu se abster na votação.

    Apesar de não causarem consequências legais e jurídicas, as resoluções aprovadas pela ONU trazem importantes mensagens políticas e podem servir para aumentar o isolamento geopolítico da Rússia no mundo.

    Biden sanciona filhas de Putin e bancos russos

    Os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra instituições financeiras e indivíduos russos, incluindo as duas filhas adultas do presidente russo, Vladimir Putin, com o objetivo de aumentar a pressão econômica sobre a Rússia e o próprio Putin.

    Os EUA têm como alvo as duas filhas adultas de Putin porque acreditam que o presidente russo pode estar escondendo alguns de seus bens em seus nomes, de acordo com um alto funcionário do governo.

    Sanções contra bilionários russos

    Os governos da União Europeia congelaram cerca de 30 bilhões de euros em ativos ligados a oligarcas e outras pessoas sancionadas com vínculos com o Kremlin. Entre os ativos estão contas bancárias, barcos, helicópteros, imóveis e obras de arte. Além disso, cerca de 196 bilhões de euros em transações foram bloqueadas.

    O impacto das restrições coordenadas dos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia causou ondas de choque na elite russa. Diversos oligarcas tomaram medidas para evitarem perder patrimônio, como mover iates de lugar, vender ativos e se adaptar a uma onda de sanções.

    As Maldivas, uma nação insular do Oceano Índico que não tem tratado de extradição com os Estados Unidos, foi o principal destino de iates de oligarcas russos.

    Iate Dilbar, do bilionário russo Alisher Usmanov
    Superiate Dilbar, do bilionário russo Alisher Usmanov, é avaliado em quase US$ 600 milhões e foi apreendido pela Alemanha em reação à invasão da Ucrânia / Foto: UCG/Universal Images Group via G

    Shopping center em Kiev é destruído

    Um ataque aéreo russo a um shopping center no distrito de Podilskyi, na capital ucraniana Kiev, deixou ao menos oito pessoas mortas em 21 de março.

    Tanto a estrutura do shopping quanto carros estacionados ao redor pegaram fogo após o ataque, afirmou o Serviço de Emergência da Ucrânia.

    Rússia negou que ataque alvos civis e rechaça as acusações de que esteja cometendo crimes de guerra.

    Ataques em Mariupol

    A cidade ucraniana de Mariupol, que tem uma importante posição estratégica por ter saída para o mar, sofreu diversos ataques das tropas russas e rapidamente se tornou um dos prinicipais alvos do conflito.

    De acordo com um porta-voz da prefeitura, quase cinco mil pessoas, incluindo cerca de 210 crianças, foram mortas na cidade do sul da Ucrânia.

    Um dos ataques mais marcantes aconteceu contra um teatro. Imagens aéreas registradas antes da explosão mostraram que o local tinha a palavra “crianças” escrita em russo do lado de fora do prédio.

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    Além disso, autoridades ucranianas acusaram o exército da Rússia de bombardear uma maternidade em Mariupol.

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    Protesto contra a guerra em plena TV estatal russa

    Em 14 de março, uma manifestante antiguerra interrompeu, por volta das 21h30 no horário local, o principal noticiário da emissora estatal russa, Channel One, com um cartaz que pedia aos espectadores que “não acreditassem na propaganda” e “parassem a guerra” na Ucrânia.

    “E não acreditam na propaganda, aqui eles contam mentiras. Russos contra a guerra”, continua os dizeres da faixa.

    A mulher que segurou o cartaz era funcionária do canal e posteriormente pediu demissão.

    Incêndio na maior usina nuclear da Europa

    Em 4 de março, um tiroteio entre forças russas e ucranianas causaram um incêndio no complexo onde fica localizada a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior desse tipo em toda a Europa. Os confrontos não chegaram a atingir os prédios de atividade nuclear.

    O órgão regulador ucraniano informou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que não houve alteração relatada nos níveis de radioatividade da usina.

    O porta-voz de Zaporizhzhia, Andrii Tuz, afirmou à CNN, que a usina não sofreu nenhum dano crítico, embora apenas uma entre seis unidades de geração de energia estivesse em operação.

    Prédio administrartivo danificado no complexo da usina nuclear de Zaporizhzhia. na Ucrânia / Foto: Serviço de Imprensa da Companhia Nacional de Geração de Energia Nuclear Energoatom/Divulgação via REUTERS

    Posto de retirada de civis é bombardeado e crianças morrem

    Um ponto de passagem de saída para civis que tentavam escapar do distrito de Irpin, a oeste de Kiev, capital da Ucrânia, foi atingido na manhã do dia 6 de março.

    O impacto das explosões foi ouvido pelas equipes da CNN em Kiev e nas áreas rurais a sudoeste. Na ocasião, um fluxo de pessoas estava passando pelo posto de controle.

    [cnn_galeria active=”false” id_galeria=”708527″ title_galeria=”Local de retirada de civis perto de Kiev é atingido por ataque”/]

    Veja imagens dos refugiados ucranianos ao redor do mundo:

    [cnn_galeria active=”false” id_galeria=”702924″ title_galeria=”Refugiados deixam a Ucrânia por causa da guerra”/]

    Qual é o tamanho dos exércitos da Rússia e Ucrânia?

    A realidade é que há uma grande diferença entre o exército ucraniano e o exército russo. “Este não é o mesmo exército russo que estava em ruínas logo após a Guerra Fria“, diz o analista Jeffrey Edmonds, do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

    “É um exército muito móvel, bastante moderno e bem treinado, com uma força aérea muito saudável, grandes forças terrestres, muito controle de artilharia, navios pequenos com muita capacidade para missões de ataque ao solo”. Veja comparação abaixo:

    • ORÇAMENTO MILITAR DE 2021

    Ucrânia: U$ 4,1 bilhões

    Rússia: US$ 45,3 bilhões

    • TROPAS ATIVAS

    Ucrânia: 219 mil soldados

    Rússia: 840 mil soldados

    • AERONAVES DE COMBATE

    Ucrânia: 170

    Rússia: 1.212

    • HELICÓPTEROS DE ATAQUE

    Ucrânia: 170

    Rússia: 997

    • TANQUES DE GUERRA

    Ucrânia: 1.302

    Rússia: 3.601

    • ARMAMENTO ANTIAÉREO

    Ucrânia: 2.555

    Rússia: 5.613

    *Com informações da CNN Internacional e da Agência Reuters, além de Mathias Brotero, Heloísa Villela, Giulia Alecrim, Vinícius Bernardes, Léo Lopes, Giovanna Galvani, Tiago Tortella, Renata Souza, Vinícius Tadeu, Henrique Melo, André Rigue e Fábio Munhoz, da CNN Brasil

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