Brasil busca atrair Rússia e Ucrânia à negociação e não ao confronto, diz embaixador
"A nossa posição é clara. Esses princípios são inamovíveis e queremos trazer as partes à mesa para buscar uma solução", declarou Ronaldo Costa Filho
O embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), Ronaldo Costa Filho, afirmou, nesta quarta-feira (23), em entrevista à CNN, que o país busca atrair a Rússia e Ucrânia para uma negociação e não para o confronto.
“Para o Brasil, temos que buscar uma solução construtiva. É atrair as partes para a mesa de negociação e não para confronto. A nossa busca tem sido sempre essa, ser construtivos, favorecer, lembrar que as Nações Unidas são um foro precisamente de negociação, em que as partes, os 193 estados membros, possam sentar e diminuir seus conflitos”, declarou Costa Filho.
“Sejam eles no campo da paz e segurança, seja na área econômica, seja na área social ou direitos humanos. Aqui é um foro de negociação. A nossa posição é clara, esses princípios são inamovíveis e queremos trazer as partes à mesa para buscar uma solução”, continuou.
Em seu discurso nesta quarta-feira na Assembleia-Geral da ONU, o embaixador revelou que o Brasil pediu para que os países do Leste Europeu respeitem as leis internacionais e reforçou a necessidade de diálogo entre as partes.
“O Brasil insiste que todas as partes observem as leis internacionais. É imperativo respeitar completamente os princípios da Carta da ONU, sem seleção”, disse.
Em viagem à Rússia, em 17 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL), alegou, ao lado do presidente russo Vladimir Putin, que prega a paz e respeita “quem age desta maneira” e que era solidário ao país. Entretanto, não citou o conflito com os ucranianos.
Os Estados Unidos criticaram o discurso de Bolsonaro, afirmando que “o momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, quando as forças russas se preparam para lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior”, disse à CNN um porta-voz do Departamento de Estado.
Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia está aumentando a pressão sobre seu ex-vizinho soviético, ameaçando desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.
A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.
A mobilização provocou alertas de oficiais de inteligência dos EUA de que uma invasão russa pode ser iminente.
Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não chegaram a uma conclusão. Foi reconhecida por Vladimir Putin, na segunda-feira (21), a independência de Donetsk e Luhansk, duas áreas separatistas ucranianas.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.