Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Dólar fecha a R$ 5, menor patamar desde junho; Ibovespa encerra em queda de 0,78%

    Moeda norte-americana terminou o dia com desvalorização de 0,94%, enquanto o principal índice da bolsa encerrou aos 112.007,61 pontos

    João Pedro MalarArtur Nicocelido CNN Brasil Business* , em São Paulo

    dólar fechou esta quarta-feira (23) em queda de 0,94%, cotado a R$ 5. Esse é o menor patamar desde 30 de junho do ano passado (R$ 4,976) e o quarto pregão consecutivo de baixa.

    Em dois momentos do dia —por volta de 11h e 16h—, o dólar chegou a operar abaixo de R$ 5. Na mínima, pela tarde, a cotação foi a R$ 4,994, com um fluxo estrangeiro favorável baseado nos juros altos do país e uma migração para mercados vistos como mais baratos e ligados a commodities, caso do brasileiro.

    Já o Ibovespa encerrou o dia em queda de 0,78% aos 112.007,61 pontos, diante das tensões geopolíticas na Ucrânia e pressionado pelos papéis de mineradoras e siderúrgicas. Empresas de energia ajudaram a limitar as perdas.

    Um dado de inflação local acima do esperado em fevereiro ampliou o pessimismo local, embora a entrada de capital estrangeiro tenha prosseguido, segundo analistas.

    O mercado digere o IPCA-15, considerado a “prévia da inflação”, de fevereiro acima do esperado, o que reforça a aposta na continuidade do movimento de alta de juros pelo Banco Central e favorece o real, mas prejudica a renda variável, caso do Ibovespa.

    Veja os principais destaques do pregão desta quarta-feira:

    Maiores altas

    • Eletrobras (ELET6) +3,27%;
    • Cemig (CMIG4) +2,28%;
    • Eletrobras (ELET3) +2,14%;
    • Taesa (TAEE11) +2,11%;
    • Copel (CPLE6) +1,81%

    Maiores baixas

    • 3R Petroleum (RRRP3) -12,49%;
    • Banco Inter (BIDI11) -12,12%;
    • Alpargatas (ALPA4) -6,09%;
    • CVC (CVCB3) -6,31%;
    • Raia Drogasil (RADL3) -6,02%

    Na terça-feira (22), o dólar teve queda de 1,08%, cotado a R$ 5,051, no menor valor desde 1º de julho de 2021. Já o Ibovespa subiu 1,04%, aos 112.891,80 pontos.

    Ucrânia

    Em discurso realizado na Casa Branca na terça-feira, o presidente dos Estados UnidosJoe Biden, anunciou um pacote de sanções contra a Rússia. As determinações incluem o corte de financiamento de dois bancos russos e restrições a membros de famílias de elite russas.

    Biden também anunciou que autorizou movimentos adicionais de forças e equipamentos militares dos EUA na Europa para “fortalecer” os aliados bálticos na Estônia, Letônia e Lituânia, após o presidente russo Vladimir Putin autorizar o envio de tropas para duas regiões separatistas da Ucrânia.

    A medida é uma reação ao movimento do presidente russo, Vladimir Putin, que na segunda-feira (21) considerou grupos separatistas no leste da Ucrânia como independentes e determinou o envio de tropas para as regiões.

    Quando cresce o potencial de novas escaladas envolvendo a Rússia e a Ucrânia, como uma invasão do país, aumenta a aversão a riscos dos investidores e a busca pelo dólar. Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, “o aumento da tensão pode favorecer o real via commodities mais elevadas”.

    Exterior

    A situação ainda não superou os benefícios para o real de um ciclo de migração de investimentos para mercados ligados a commodities e vistos como baratos, com o Brasil beneficiado também pelos juros altos, que limita os efeitos das apostas em uma política de alta de juros agressiva pelo Federal Reserve.

    O ciclo está ligado, em partes, a expectativas de mais medidas pró-crescimento na China que estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, o que leva a altas nos preços. Por outro lado, intervenções do governo chinês no mercado têm gerado pressões de queda, em um sobe e desce na cotação.

    No caso do petróleo, analistas do Goldman Sachs afirmam que os preços do tipo Brent devem superar os US$ 100 por barril neste ano. O principal fator para a alta é o descompasso entre oferta e demanda da commodity, com os principais produtores, reunidos na Opep, ainda não retomando os níveis de produção pré-pandemia. Além disso, as tensões na Ucrânia fazem os preços subirem, já acima dos US$ 90.

    Outro fator que pesa nesse movimento é a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos já no mês de março, de 0,25 ou 0,5 ponto percentual, reforçada por dados de inflação levemente acima do esperado. Com isso, investidores estrangeiros têm saído do mercado de ações norte-americano.

    Com a inflação americana batendo recorde em quatro décadas, o Fed vem dando indicações mais duras aos mercados, mas a ata da última reunião do banco não deixou claro o tamanho e ritmo do aperto que o banco central americano fará, indicando que as decisões ocorrerão a cada reunião pelo contexto econômico.

    Qualquer alta de juros no país pode afetar os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americano ainda mais atrativos para os investidores, pressionando negativamente o real.

    Brasil

    No radar dos investidores está também a chamada PEC dos Combustíveis, que permitiria a suspensão de impostos para esses produtos. Representando um possível descontrole de gastos, o tema tem potencial para afetar negativamente o real e o Ibovespa.

    Duas PECs já foram protocoladas, uma no Senado e outra na Câmara, com cálculos de perda de arrecadação indo de R$ 18 bilhões até R$ 100 bilhões dependendo do conteúdo, mas o foco no momento são dois projetos de lei sobre o tema que podem ser votados nesta semana.

    Um dos PLs determina um valor fixo de cobrança do ICMS para combustíveis, com o tributo estadual deixando de variar seguindo flutuações de preço do produto, e expande o chamado vale-gás para famílias brasileiras.

    Já o outro criaria um fundo de estabilização do preço do petróleo e derivados (diesel, gasolina e GLP), com uma nova política de preços internos de venda para distribuidores.

    *Com informações da Reuters 

    Tópicos