Tendência de inflação no Brasil segue crescente, diz Campos Neto
Ainda assim, o presidente do Banco Central espera uma revisão para cima das projeções para o desempenho do PIB em 2022
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a dizer que a tendência de inflação no Brasil ainda é de trajetória crescente. Segundo ele, o encarecimento da energia elétrica no país é o fator responsável por uma inflação acima da média de outros países.
“Vemos que a tendência de inflação no Brasil ainda é crescente. […] O Brasil teve a maior inflação de energia do mundo. Se isso tivesse sido a média dos outros países, nossa inflação também teria sido no nível dos demais países. Então, mostramos que a inflação brasileira acima da média foi consequência da energia”, comentou durante palestra sobre cenário econômico promovida pelo Canal Agro+ nesta segunda-feira (21).
Há alguns dias, Campos Neto afirmou que o pico da pressão inflacionária no Brasil deve ser registrado entre abril e maio de 2022. Ainda na avaliação dele, o Banco Central do Brasil está mais adiantando que autoridades monetárias de outros países, que ainda terão que subir juros de forma mais intensa.
Para ele, o cenário atual sinaliza que nos Estados Unidos, por exemplo, o Banco Central americano precisará subir os juros de forma mais rápida e apertada para que a inflação recue no país.
Crescimento econômico
Campos Neto defendeu também o combate à queda das previsões do crescimento estrutural no Brasil. Na visão dele, juros mais altos e crescimento menor nas projeções de longo prazo puxam o fiscal de volta para uma trajetória negativa.
“As projeções de crescimento estrutural têm caído, saímos de 2,5% em 2014/2015 e para agora quase em 1,5%. Então tem um tema fundamental que é o que precisa ser feito para revertermos essa expectativa de crescimento estrutural baixo, uma vez que o crescimento estrutural alto é o que traz investimentos. O dinheiro global hoje procura países com crescimento estrutural alto e fiscal comportado. Esse é o par ordenado que vai trazer crescimento e investimento de volta”, explicou.
Ainda assim, ele espera uma revisão para cima das projeções para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022.
“Eu acho que, com os números recentes que a gente tem, o crescimento de 2022, para esses analistas que estão perto de 0% de crescimento, eu acho que vamos começar a ver uma revisão para cima”, disse.