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    ‘Porta diplomacia parece estar se fechando’, diz especialista sobre Rússia e Ucrânia

    Para Felipe Loureiro, coordenador do curso de Relações Internacionais da USP, detalhamento de possíveis sanções pode ser encarado por Putin como sinal da escalada do conflito

    Ludmila Candalda CNNLuana Franzãoda CNN* , Em São Paulo

    Na manhã desta segunda-feira (21) o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, confirmou um encontro entre com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, nesta quinta-feira (24). A reunião vem após semanas de diálogos, mobilizações militares nas fronteiras da Ucrânia e ameaças de sanções por nações da União Europeia e dos EUA.

    Em entrevista à CNN, o coordenador do Instituto de Relações Internacionais da USP, Felipe Loureiro, afirmou que considera a situação entre Rússia e Ucrânia “muito grave” neste momento e que a “a porta da diplomacia parece estar se fechando a cada hora que passa”.

    Em declarações anteriores, o presidente fracês Emmanuel Macron havia afirmado que tanto o líder dos EUA, Joe Biden, quanto o líder russo, Vladimir Putin, haviam concordado com uma reunião para discutir o impasse entre Rússia e Ucrânia. O Kremlin, no entanto, afirmou nesta segunda que a possibilidade não era concreta, o que abalou as esperanças de um arrefecimento das tensões nas fronteiras entre Rússia e Ucrânia.

    “A situação é muito grave, obviamente que isso não significa que a guerra é inevitável, mas me parece que a porta da diplomacia estar se fechando a cada hora que passa”, disse Felipe Loureiro, destacando que desde sexta-feira (18) novas falas russas sobre separatistas afirmando que a Ucrânia estaria planejando um ataque ganharam proeminência.

    Na Conferência de Segurança de Munique, neste sábado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou aos países do Ocidente por maior apoio. Apesar de considerar o clamor de Zelensky compreensível, o especialista analisou que uma divulgação detalhada por parte dos EUA e da União Europeia das sanções que viriam a ser aplicadas em caso de invasão poderia “ser entendida por Moscou como uma ação de escalada, que pode levar à respostas ou levar a crise a uma situação sem volta”.

    Representantes do Ocidente têm anunciado que sanções econômicas serão aplicadas à Rússia caso um conflito armado com a Ucrânia se concretize, mas não têm dado todas as informações sobre quais seriam exatamente as restrições.

    A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, afirmou neste sábado, por exemplo, que haverá uma resposta “rápida, severa e unida” se a Rússia invadir a Ucrânia e sanções “significativas e sem precedentes” a bancos e indústrias da Rússia.

    Loureiro analisou ainda que se os EUA e outros países tornarem públicas suas propostas de sanções, isso daria a Moscou a oportunidade de se antecipar sobre o que seria feito contra eles.

    Ele ainda avaliou que o posicionamento da China em relação ao conflito seria essencial para definir o desenvolvimento futuro dos acontecimentos. Desde a invasão da Crimeia em 2014, a Rússia tem trabalhado para ampliar sua resiliência frente ao mercado internacional – ou seja, ampliando reservas internacionais, substituindo importações e diminuindo a fragilidade na balança comercial. No entanto, um apoio vindo da China seria fundamental para resistir às possíveis sanções econômicas aplicadas no caso de uma invasão russa na Ucrânia.

    “A China ajudar a Rússia ou não me parece central para essa resiliência [criada pela Rússia desde 2014] se viabilizar em um contexto de sanções. A Rússia tem uma integração energética muito grande com o Ocidente, se houver sanções do Ocidente muito significativas, a Rússia com certeza retaliaria, e isso teria consequências econômicas muito significativas, especialmente para a Europa Ocidental, que depende muito do gás russo”, afirmou.

    “A China, apesar do encontro entre Putin e Xi Jinping no início do ano, ainda não tomou uma posição definitiva. “O ministro de Relações Exteriores da China, na Conferência de Segurança de Munique, deu a entender que a China defende e respeita a soberania de todos os países, inclusive a Ucrânia, mencionada nominalmente”, destacou Loureiro.

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    *Sob supervisão de Rafaela Lara, da CNN

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