Satélites vão criar “eclipse solar falso” para estudar a coroa do Sol
A coroa solar é uma região extremamente quente e que influencia no clima espacial, sendo de enorme interesse dos astrônomos
Na próxima segunda-feira, dia 8 de abril, acontecerá o eclipse solar total. O fenômeno, que não será visível no Brasil, evidenciará o brilho de estrelas e planetas e será uma oportunidade para os astrônomos estudarem a coroa solar, atmosfera que rodeia o Sol e que, geralmente, é ofuscada pelo brilho intenso do astro.
Porém, como o eclipse solar é um evento que ocorre uma vez a cada 18 meses e tem uma curta duração, um estudo mais profundo sobre a coroa solar será possível com a criação de “eclipses solares falsos“.
Essa é a ideia por trás da Proba-3, nova missão da ESA (Agência Espacial Europeia). O objetivo é produzir eventos de eclipses solares orbitais “por demanda”. Para isso, a espaçonave Occulter voará a cerca de 150 metros de uma segunda espaçonave, a Coronagraph. O par se alinhará com o Sol de forma que a Occulter lançará uma sombra para a face do Coronagraph, fazendo com que a coroa solar fique mais visível.
“As duas naves espaciais funcionarão como se fossem um enorme instrumento com 150 m de comprimento”, explica Dietmar Pilz, diretor de Tecnologia, Engenharia e Qualidade da ESA, em comunicado. “Contudo, conseguir isso será um desafio extremamente técnico, porque ao menor desalinhamento, [a missão] não funcionará”, completa.
O objetivo da Proba-3 é produzir esses eclipses artificiais rotineiramente através do voo em formação precisa, por até seis horas, a cada órbita da missão — que dura cerca de 19 horas e 36 minutos. Isso permitirá um estudo mais aprofundado da coroa solar, além de fornecer informações sobre a atmosfera incandescente do Sol.
O principal instrumento do Pobra-3, o ASPIICS (Associação de Naves Espaciais para Investigação Polarimétrica e de Imagem da Coroa do Sol, na sigla em inglês), produzirá dados “como se estivesse a bordo de uma única espaçonave rígida”, segundo o comunicado. A precisão será obtida através da combinação de um conjunto de tecnologistas de posicionamento, como: navegação por satélite, links intersatélites baseados em rádio, câmeras de luz visível direcionadas a LEDs e um feixe de laser refletido entre as espaçonaves.
Além disso, a missão conta com um segundo instrumento: um radiômetro que mede a produção total de energia do Sol, o que é importante para a modelagem climática. O voo das espaçonaves ocorrerá a uma altitude orbital de cerca de 60 mil quilômetros. Nessa altura, distúrbios gravitacionais, atmosféricos e magnéticos têm pouco impacto nos satélites em órbita.
O que é a coroa solar e por que é importante?
A coroa solar é uma região raramente vista do Sol e é de interesse dos astrônomos por ser extremamente quente — sua temperatura atinge até dois milhões de graus Kelvin. Apesar disso, a coroa não produz e nem reflete muita luz. Por isso, ela só é visível durante o eclipse solar total.
Para somar, a coroa influencia no clima espacial, gerando vento solar. Esse vento, às vezes, acompanha ejeções de massa coronal, que podem prejudicar satélites em órbita e redes de energia e comunicação terrestres.
Entenda como acontece um eclipse solar e como acompanhar
O eclipse solar acontece quando a Lua está posicionada entre o Sol e a Terra, impedindo que a luz atinja alguns pontos do nosso planeta. Estando em um lugar em que ele é total, é possível ver a Lua bloqueando quase todos os raios de Sol, fazendo com que o dia fique tão escuro quanto a noite.
Os eclipses solares totais acontecem a cada 18 meses e duram poucos minutos, enquanto os parciais — em que a Lua não cobre completamente o Sol — ocorrem pelo menos duas vezes por ano em algum local da Terra.
O eclipse que acontecerá na próxima segunda-feira (8) é um eclipse solar total, visível apenas em uma pequena área da Terra, quando a pessoa está no centro da sombra da Lua, quando ela atinge a Terra. Para ocorrer um eclipse total, o Sol, a Lua e a Terra devem estar completamente alinhados.
No Brasil, ele não poderá ser visto. Entretanto, a Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) disponibilizará diversas transmissões para o mundo todo poder acompanhar o evento. O fenômeno começará às 16h (horário de Brasília), na costa do México, e terminará às 17h (horário de Brasília), na costa Atlântica do Canadá. Veja quais serão as lives disponíveis.