Itamaraty vai aguardar para se pronunciar sobre lei de Maduro que anexa território da Guiana
Governo brasileiro ajudou a mediar encontro entre os líderes dos dois países e vem acompanhando de perto as tensões entre os vizinhos
O Itamaraty não deve se pronunciar no momento sobre a lei promulgada esta semana pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anexando a maior parte do território da Guiana.
Uma alta fonte do Ministério das Relações Exteriores disse ao blog que os diplomatas brasileiros são “facilitadores” da disputa entre os dois vizinhos, e não “comentaristas” da questão.
Segundo a fonte, “não convém [ao Itamaraty] ficar comentando cada fase do processo” da disputa territorial.
A posição brasileira, portanto, vai ser a de aguardar o desenvolvimento da questão para se pronunciar quando novos fatos surgirem.
O Brasil vem tentando mediar o conflito desde o controverso referendo venezuelano que aprovou a anexação da região de Essequibo, internacionalmente reconhecida como parte da Guiana.
A região representa mais de 75% do território guianense, é rica em petróleo e minerais, e vem sendo disputada pelas duas nações há décadas.
Nos esforços de mediação, o governo brasileiro foi um dos patrocinadores do encontro entre Maduro e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, em São Vicente e Granadinas, em dezembro passado.
Na ocasião, os dois lados assinaram um acordo se comprometendo a não usar a força militar um contra o outro em nenhuma circunstância.
Os dois lados também se comprometeram a não intensificar por palavras ou ações o conflito – coisa que parece ter sido desrespeitada justamente com a aprovação da lei.
O silêncio do Itamaraty sobre a lei vem uma semana após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter mudado de posição e criticado em público, pela primeira vez, o processo eleitoral pouco transparente da Venezuela.
Na ocasião, o presidente disse que é “grave” o impedimento colocado pelo regime de Maduro à inscrição da opositora Corina Yoris como candidata à Presidência do país.
Lula lembrou que não havia “nenhuma justificativa política ou jurídica” para o impedimento.
O Brasil segue acompanhando com atenção o desenvolvimento das tensões entre os vizinhos, e fontes militares brasileiras disseram ao blog da analista de política da CNN Jussara Soares que “Maduro não quer guerra com ninguém”.