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    “Demolidor”: pai da família morta em Niterói usou apelido para negociar com criminosos

    Trocas de mensagens obtidas pela Polícia Civil mostram que motorista de aplicativo Filipe Rodrigues fingiu ser PM para vender informação a bandidos

    Isabelle Salemeda CNN

    Trocas de mensagens entre Filipe Rodrigues e traficantes, interceptadas pela Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo, mostram que o motivo da execução de uma família dentro de um carro, na região metropolitana do Rio de Janeiro, na noite de 17 de março, foi um acerto de contas com traficantes.

    O motorista de aplicativo, de 24 anos, se fez passar por PM para vender informações sobre um suposto informante da polícia aos criminosos. No ataque, ele foi o principal alvo dos atiradores, alvejado nove vezes. Já a esposa de Filipe, Rayssa Santos, de 23, foi atingida três vezes e o bebê do casal, Miguel Filipe dos Santos, de sete meses, duas.

    Já no primeiro contato com um homem apontado como chefe do tráfico em uma comunidade de Niterói, Filipe diz que é policial militar e que tem informações sobre um suposto “X-9”. Ele pede para ser tratado como “Demolidor” e garante que passará provas sobre a atuação do suposto informante.

    Em troca de mensagens, Filipe se apresenta como “Demolidor”

    A polícia identificou o interlocutor de Filipe como Lucas Lopes da Silva, conhecido como Naíba. Ele foi alvo de uma operação nesta terça-feira (3), mas segue foragido. Na conversa, Naíba pergunta o preço pela informação sobre o “X-9” e acaba oferecendo R$ 50 mil.

    Traficante oferece R$ 50 mil pela informação de suposto “X-9”

    Filipe chega a barganhar com o traficante. Ele queria mais dinheiro, alegando que teria que dividir o valor com outros seis policiais. Por fim, aceita a proposta. O motorista de aplicativo se oferece para armar uma emboscada para o suposto informante.

    Filipe oferece armar emboscada para suposto informante da polícia

    Durante a conversa, o traficante desconfia que Filipe não é policial, mas o motorista de aplicativo afirma que ele é responsável para lidar com pagamento de propina no batalhão. Ele também se diz envolvido com a contravenção.

    Traficante desconfia que Filipe não é policial; ele desmente

    Um dia antes de morrer com a família, Filipe pergunta como foi com o suposto “X-9” e o suspeito responde “trabalhoso”. O motorista de aplicativo, então, passa a cobrar o pagamento pela informação.

    Filipe pergunta como foi com o suposto informante e cobra dinheiro de traficante

    No dia do crime, Filipe também cobra Naíba e chega a passar a localização da família em tempo real para o traficante. Ele também combina com Wesley Pires da Silva Sodré, outro envolvido na morte da família identificado pela polícia e preso nesta terça-feira (3), como seria feito o pagamento.

    Nas mensagens trocada com Wesley, no entanto, Filipe é chamado pelo nome.

    Mensagem trocada por Filipe com o outro envolvido, Wesley / Reprodução

    Segundo o delegado Willians Batista, ele sabia que o motorista de aplicativo não era policial e foi ele quem orientou Filipe a buscar o dinheiro no local combinado para a emboscada, perto do Castro, comunidade dominada por Naíba.

    Envio da localização da família / Reprodução

    A polícia segue em busca do traficante e também apura a suposta morte do informante que teria sido “entregue” por Filipe. O nome do suposto “x-9” infiltrado no Castro não foi divulgado, mas ele consta como desaparecido.