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    Ibovespa fecha em queda de 0,57%, com tensões na Ucrânia; dólar cai a R$ 5,14

    Principal índice da B3 teve recuo de 0,57%, aos 112.879,85 pontos, e a moeda norte-americana encerrou o dia com desvalorização de 0,49%

    Real tem sido favorecido por fluxo de investimento estrangeiro no Brasil
    Real tem sido favorecido por fluxo de investimento estrangeiro no Brasil AlphaTradeZone/Pexels

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business*Da Reuters em São Paulo

    O Ibovespa fechou esta sexta-feira (18) em queda de 0,57%, aos 112.879,85 pontos, encerrando a semana com perdas tímidas, à medida que novas escaladas de tensões geopolíticas na Ucrânia pesaram sobre os mercados globais.

    A Rumo foi um dos destaques de baixa, após divulgar resultados do quarto trimestre, enquanto os grandes bancos subiram, em meio a noticiário corporativo e relatório de analistas sobre o setor.

    Já o dólar caiu 0,49%, cotado a R$ 5,141. Na semana, a moeda caiu 1,93%, registrando sua sexta desvalorização semanal consecutiva frente ao real.

    Na sessão desta sexta, a moeda contrariou tendência internacional de aversão a risco, em meio à percepção de rendimentos atraentes na cena doméstica. O real teve, com folga, o melhor desempenho global frente ao dólar, e também está liderando os ganhos entre seus principais pares no acumulado do ano.

    Veja os principais destaques do pregão desta sexta-feira:

    Maiores altas

    • Cielo (CIEL3) +12,30%;
    • MRV (MRVE3) +2,73%;
    • Banco do Brasil (BBAS3) +2,04%;
    • Energias (ENBR3) +1,90%;
    • Carrefour (CRFB3) +1,69%

    Maiores baixas

    • Rumo (RAIL3) -8,81%;
    • Locaweb (LWSA3) -7,12%;
    • Grupo Natura (NTCO3) -5,65%;
    • Banco Pan (BPAN4) -5,40%;
    • Cosan (CSAN3) -4,81%

    Na quinta-feira (17), o dólar subiu 0,74%, cotado a R$ 5,166. Já o Ibovespa recuou 1,43%, aos 113.528,48 pontos.

    Exterior

    A possibilidade de uma invasão da Ucrânia pela Rússia segue afetando os mercados. O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que algumas tropas localizadas próximas à Ucrânia estão retornando para suas bases, mas países ocidentais contestam essa versão e dizem que os números na fronteira estão aumentando.

    A Rússia também expulsou o vice-embaixador dos Estados Unidos no país, e há informações sobre conflitos no leste da Ucrânia envolvendo separatistas que, segundo o Ocidente, contam com apoio russo.

    A possibilidade maior de invasão da Ucrânia pela Rússia – com uma resposta dos Estados Unidos e aliados – aumenta a aversão a riscos dos investidores e leva à busca pelo dólar.

    O clima de tensão geopolítica diminuiu depois que o secretário de estado americano, Antony Blinken, concordou em fazer uma reunião com Sergey Lavrov, o ministro das relações exteriores da Rússia na semana que vem, desde que a Rússia não invada a Ucrânia.

    O cenário ainda não superou os benefícios para o real e para o Ibovespa de um ciclo de migração de investimentos para mercados ligados a commodities e vistos como baratos, com o Brasil beneficiado também pelos juros altos, que limita os efeitos das apostas em uma política de alta de juros agressiva pelo Federal Reserve.

    O ciclo está ligado, em partes, a expectativas de mais medidas pró-crescimento na China que estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, o que leva a altas nos preços. Por outro lado, intervenções do governo chinês no mercado têm levado a quedas recentes.

    No caso do petróleo, analistas do Goldman Sachs afirmam que os preços do petróleo Brent devem superar os US$ 100 por barril neste ano. Segundo eles, o mercado de petróleo continua em um “déficit surpreendentemente grande” já que o efeito da variante Ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado. Além disso, as tensões na Ucrânia fazem os preços subirem, já acima dos US$ 90.

    Outro fator que pesa nesse movimento é a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos já no mês de março, de 0,25 ou 0,5 ponto percentual, reforçada por dados de inflação levemente acima do esperado. Com isso, investidores estrangeiros têm saído do mercado de ações norte-americano.

    Com a inflação americana batendo recorde em quatro décadas, o Fed vem dando indicações mais duras aos mercados, mas a ata da última reunião do banco não deixou claro o tamanho e ritmo do aperto que o banco central americano fará, indicando que as decisões ocorrerão a cada reunião pelo contexto econômico.

    Qualquer alta de juros no país pode afetar os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americano ainda mais atrativos para os investidores, pressionando negativamente o real.

    Brasil

    No radar dos investidores também está a chamada PEC dos Combustíveis, que permitiria a suspensão de impostos para esses produtos. Representando um possível descontrole de gastos, o tema tem potencial para afetar negativamente o real e o Ibovespa.

    Duas PECs já foram protocoladas, uma no Senado e outra na Câmara, com cálculos de perda de arrecadação indo de R$ 18 bilhões até R$ 100 bilhões dependendo do conteúdo, mas o foco no momento são dois projetos de lei sobre o tema que podem ser votados na próxima semana.

    Um dos PLs determina um valor fixo de cobrança do ICMS para combustíveis, com o tributo estadual deixando de variar seguindo flutuações de preço do produto, e expande o chamado vale-gás para famílias brasileiras.

    Já o outro criaria um fundo de estabilização do preço do petróleo e derivados (diesel, gasolina e GLP), com uma nova política de preços internos de venda para distribuidores.

    *Com informações de Priscila Yazbek