Tragédia em Petrópolis deixa R$ 200 milhões de prejuízos para lojistas

A chuva que devastou a cidade imperial de Petrópolis, na região serrana do Rio, afetou pequenos negócios e comércios da cidade. O Sindicato do Comércio Varejista (Sicomércio Petrópolis), avalia que cerca de 350 lojas foram prejudicadas com inundações. O presidente estima uma perda na ordem de R$ 200 milhões.

“A água entrou, então perderam toda a parte da loja física e estoque, que é o pior problema. Inclusive algumas lojas perderam toda a parte elétrica, que é quase começar tudo de novo. A lama inviabiliza tudo. Tem que derrubar e fazer de novo”, explicou o presidente da Sicomércio, Marcelo Fiorini.

Ainda não há um levantamento do Sindicato sobre os 40 mil funcionários dos estabelecimentos. O comércio segue com as atividades interrompidas na cidade.

Na loja de equipamentos eletrônicos e instrumentos musicais onde Jorge Martins trabalha, a água chegou a 1,20 metro de altura, encobrindo o balcão e arrastando tudo por dentro.

A lama vinha não só de fora, com o transbordamento do rio que corta a rua da loja, mas também dos bueiros, ralos e do vaso sanitário. Ele calcula que a perda pode chegar a R$150 mil reais.

“Jogamos fora instrumentos musicais como pandeiro, violão, teclado, nobreak, estabilizador, dava até tristeza de ver a mercadoria boiando”, diz ele. Quando tudo começou a inundar, os funcionários correram para a sobreloja. “É claro que a gente ficou com medo da parte elétrica porque a agua já tava dominando as tomadas, se desse um curto a gente morria, todo mundo”, conta o balconista.

“Eu estou no comércio aqui há 47 anos. Nesses 47 anos eu nunca vi nada igual. Um absurdo, triste ver o comércio como está. Deu vontade de chorar”, afirmou Jorge.

Em um loja de itens esportivos, o gerente, Rodrigo Hang, contou que estava no local durante as chuvas junto com outro dois funcionários. Nesta quinta-feira (17), ele foi até o local para avaliar os estragos.

“Na hora tinha eu e mais dois aqui. Primeiramente, salvar a vida de quem tá aqui. Os bens materiais a gente corre atrás, o foco agora é reconstruir”.

O Governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou uma linha especial de crédito para os empreendedores da cidade. Para Fiorini, o ideal é que o empréstimo seja sem adicional de juros e com um tempo de carência superior.

“Vamos dar prazo para que esses empreendedores possam pagar o ICMS e o IPVA depois. Mas só isso não é suficiente, temos uma linha de crédito que é de R$ 5 mil a R$ 50 mil reais”, ressaltou o governador do Rio, Cláudio Castro.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Petrópolis, Carlos Muhammed, acredita que ainda vai demorar até o setor do município se recuperar.

“Os comerciantes tiveram um prejuízo enorme, dentro dessa ordem de grandeza de RS$ 200 milhões. Pra recuperar as perdas, acho que vamos levar aí uns seis meses, pra deixar o caixa, o capital de giro do mesmo jeito que estava antes”

Uma pesquisa do Instituto Fecomécio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) estimou um prejuízo estimado acima de R$ 78 milhões aos empresários do comércio de bens, serviços e turismo da cidade. Segundo o levantamento, 65,8% dos comerciantes tiveram perda ou queda de faturamento e 32,4% tiveram seus estabelecimentos ou depósitos alagados.