Após quedas, patinadora russa Kamila Valieva fica em 4° lugar na patinação individual
Atleta de apenas 15 anos está no centro de uma polêmica envolvendo um teste antidoping positivo
A patinadora artística do Comitê Olímpico Russo (ROC) Kamila Valieva, que está no centro de um escândalo de doping, terminou em quarto lugar no evento de patinação artística individual feminina, com 224,09 pontos.
Anna Shcherbakova, também do ROC, ficou em primeiro lugar na competição, com espetacular performance de patinação livre e pontuação de 255,95.
Valieva cometeu erros em vários saltos diferentes ao longo de sua apresentação, caindo em algumas ocasiões, arruinando suas chances de terminar em primeiro.
A jovem de 15 anos deixou o gelo em lágrimas, recebendo muitos aplausos das arquibancadas, e foi consolada depois que as emoções dos últimos dias pareciam alcançá-la.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) havia dito anteriormente que nenhuma medalha ou cerimônia de flores para os vencedores seria realizada caso Valieva terminasse entre os três primeiros. Mas depois de alguma resistência aparente da medalhista de prata – e companheira de equipe de Valieva no ROC – Alexandra Trusova para subir ao pódio, houve uma cerimônia de flores para os três primeiros colocados.
Uma cerimônia de medalha para as três vencedoras – Shcherbakova, Trusova e a medalhista de bronze Kaori Sakamoto – está marcada para 19h45 na hora local de sexta-feira (18), de acordo com o site de mídia oficial dos Jogos Olímpicos.
Olho da tempestade
Valieva está no centro de um escândalo de doping, tendo desempenhado um papel fundamental na condução do ROC ao ouro no evento de equipes de patinação artística depois de se tornar a primeira mulher a conseguir um salto quádruplo nos Jogos de Inverno.
A cerimônia de entrega de medalhas do evento deveria acontecer na semana passada, mas foi adiada depois que um teste positivo, agora conhecido como o de Valieva, foi acusado em um membro da equipe de patinação artística ROC.
Dias depois do início das Olimpíadas, foi divulgado que ela testou positivo para uma droga proibida para o coração de nome trimetazidina, que especialistas dizem que pode aumentar a resistência. Valieva tentou culpar o teste positivo pela contaminação de medicamentos tomados por seu avô, disse nesta terça-feira (15) uma autoridade do COI familiarizada com a audiência do Tribunal Arbitral do Esporte (CAS) que liberou Valieva para o restante dos Jogos.
“O argumento dela foi que essa contaminação aconteceu com um produto que seu avô estava tomando”, disse Denis Oswald, presidente da Comissão Disciplinar do COI, esclarecendo que não estava presente na audiência do CAS.
O teste positivo de Valieva para trimetazidina, embora feito em dezembro, só foi analisado e relatado à Agência Antidoping Russa (RUSADA) em fevereiro, resultando na suspensão de Valieva no dia 8 do mesmo mês – um dia depois de ajudar a impulsionar o ROC à medalha de ouro no evento de equipes de patinação artística.
Porém, a patinadora foi reintegrada após um recurso, e o CAS, na segunda-feira (14), permitiu que ela competisse nos Jogos Olímpicos de Inverno, citando disposições específicas relacionadas ao seu status protegido de menor de idade, enquanto as investigações sobre quaisquer violações de doping por Valieva e os adultos responsáveis por seu treinamento continuam.
Oswald também reiterou a intenção do COI de investigar a comitiva de Valieva, que incluiria seu treinador Eteri Tutberidze, conhecido por suas técnicas de treinamento extremas.
“É claramente um desejo e uma decisão do COI, mas também da Agência Mundial Antidoping (WADA), examinar todos os aspectos deste caso, incluindo a situação da comitiva, porque, é claro, você pode imaginar que uma garota de 15 anos não faria algo errado sozinha – então sim, a comitiva será investigada”, disse Oswald a repórteres.
O CAS não respondeu ao pedido de comentário da CNN sobre as falas de Oswald.
Na terça-feira (15), uma emocionada Valieva terminou em primeiro lugar no programa curto da competição de simples feminino.
O porta-voz do COI, Mark Adams, disse, na quarta-feira (16), que qualquer resultado envolvendo a jovem de 15 anos no evento individual feminino levaria um “asterisco” até que seu caso fosse concluído.
Em um comunicado divulgado no site do ROC, o presidente do Comitê Russo, Stanislav Pozdnyakov, disse que a organização “categoricamente” discorda da posição do COI de que os resultados devem ser considerados “preliminares”.
O chefe da Agência Antidoping dos EUA (USADA), Travis Tygart, disse sobre Valieva em um comunicado: “Por um lado, meu coração se parte por ela por causa dos atos desprezíveis dos adultos em sua vida e as falhas catastróficas do russo e sistemas administrados pelo COI que lançam permanentemente uma nuvem escura sobre suas performances.”
“Por outro lado, todos nós que valorizamos o esporte limpo estamos doentes porque essas falhas tragicamente roubaram atletas limpos de seus incríveis sacrifícios e sonhos olímpicos”.
