Brasil ganharia US$ 22 bi com mais investimentos em energia eólica, aponta estudo
Ações voltadas para eólicas offshore, mudanças em regulação e melhoria de infraestrutura podem ajudar setor
O Brasil poderia adicionar cerca de 1,350 milhão de empregos e US$ 22 bilhões à sua economia se investisse mais em energia eólica até 2026. É o que aponta um relatório do Conselho Global de Energia Eólica divulgado nesta quinta-feira (17).
O estudo traça dois cenários possíveis para o setor no Brasil. No primeiro, de manutenção dos investimentos e políticas governamentais atuais até 2026, seriam gerados 775 mil empregos até o fim da vida útil dos parques eólicos (em média 25 anos), com US$ 14 bilhões de valor bruto adicional à economia.
A produção elétrica por ano até 2026 chegaria a 39,3 gigawatt-hora (GWh), suficiente para atender 17 milhões de residências por ano, e a emissão de 443 milhões de toneladas métricas de carbono seriam evitadas até 2026, assim como a economia de 74 milhões de litros de água anualmente que seriam usados para atender usinas termelétricas.
Já no segundo cenário, chamado de “recuperação verde” pós-pandemia, com maior investimento em infraestrutura, o total de empregos gerados subiria em 575 mil, para 1,350 milhão. O valor bruto adicionado à economia subiria US$ 8 bilhões, para US$ 22 bilhões.
A produção elétrica por ano passaria para 56,3 GWh, suficiente para atender 25 milhões de residências anualmente. Seria evitada a emissão de 615 milhões de toneladas métricas de carbono, assim como o consumo anual de 106 milhões de litros de água.
O relatório destaca que o Brasil já possui uma matriz elétrica consideravelmente limpa, mas que o país ainda investe pouco no setor eólico. Desde janeiro de 2020, o setor público assumiu o compromisso de investir R$ 3,9 bilhões em “outras energias”, o que inclui a eólica.
A cifra é praticamente a mesma do prometido por países como Suécia e Nova Zelândia, que possuem populações 21 e 42 vezes menores que a brasileira, aponta o documento. Ao mesmo tempo, ele afirma que o dinheiro usado para ajudar a economia durante a pandemia pode ter dado um suporte adicional para o setor.
Dentre as barreiras para a energia eólica no Brasil, a organização cita o crescimento econômico lento, o baixo investimento público per capita em energia, um mercado de produção de energia desregulado, falta de infraestrutura em regiões com grande potencial para a energia e um sistema de transmissão ainda ruim em áreas menos desenvolvidas, mas com potencial eólico alto.
Para reverter esse cenário e chegar à “recuperação verde”, o relatório recomenda um investimento em infraestrutura, em especial no Nordeste, principal área produtora de energia eólica, facilitando a logística do setor.
Outra recomendação é fortalecer a cooperação entre o Ministério de Minas e Energia, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Operador Nacional do Sistema (ONS) para melhorar a velocidade de desenvolvimento do sistema de transmissão de energia no país.
O relatório recomenda, ainda, a inclusão de metas de instalação de capacidade para a energia eólica offshore, cuja regulação começou recentemente no Brasil, assim como a revisão das regulações atuais para o setor e fortalecimento das mesmas, dando mais garantia para investidores.
O fortalecimento de acordos com o Mercosul para aproveitar o potencial de exportação da cadeia eólica brasileira e adoção de estímulos para investimentos em energia eólica pelo setor privado também estão entre as sugestões.
Além do Brasil, o relatório também avalia o uso de energia eólica na Índia, México, Filipinas e África do Sul. Caso o cenário de “recuperação verde” fosse seguido, seriam gerados ao todo 2,23 milhões de empregos em 25 anos, cerca de 20 GW de potência adicional instalada e aproximadamente 714 milhões de toneladas métricas de gás carbônico deixariam de ser emitidas, ajudando no combate às mudanças climáticas.
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As energias renováveis se tornaram uma tendência nas últimas décadas, vistas como uma das ferramentas essenciais no combate às mudanças climáticas. Confira os sete tipos de energia renovável que existem atualmente, e como elas funcionam • Getty Images
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A energia hidráulica é gerada a partir da água de rios, quando ela movimenta uma turbina. Em geral, ela é produzida nas chamadas usinas hidrelétricas. As usinas podem ser de dois tipos: as com reservatório (como a de Itaipu) e as de fio d'água, que não possuem reservatório e o volume depende do regime de chuvas (como a de Belo Monte) • Washington Alves/Reuters
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No caso da energia eólica, a produção ocorre quando o vento move pás de grandes turbinas. As mais comuns são as turbinas onshore - em solo - mas já existem também as offshore, localizadas em mares e oceanos • Foto: Laurel and Michael Evans / Unsplash
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A energia solar é dividida em dois tipos: a fotovoltaica (mais comum) e a heliotérmica. Na fotovoltaica, a luz solar incide em painéis, ou placas, que conseguem converter o calor em energia. Já nas heliotérmica, o sol incide em espelhos que direcionam a luz para um ponto com água. A água vira vapor, que, então, gira uma turbina e gera eletricidade • Amanda Perobelli/Reuters
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A energia oceânica pode ser gerada a partir de diversas formas, mas sempre nos oceanos. É possível gerar energia a partir do movimento das ondas, pela variação de temperatura entre a superfície e o fundo do mar, pelas correntes oceânicas, por um processo de osmose entre a água salgada e a doce ou pelo movimento das marés. As ondas e marés são, hoje, as principais formas, com a ideia de usá-las para mover turbinas e, então, gerar energia • Picasa/Coppe-UFRJ/Divulgação
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Ainda mais no campo das ideias do que com uso prático, o chamado hidrogênio verde é uma energia renovável que deve ganhar força nos próximos anos, como substituto de combustíveis fósseis nos setores de transporte e indústria. Produzido a partir da água, ele é colocado em células, que realizam um processo químico que gera energia e produz vapor d'água • Getty Images/Santiago Urquijo
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A biomassa, termo que se refere a qualquer tipo de matéria orgânica, pode ser usada na geração de energia. É possível aproveitar os gases gerados na decomposição dessa matéria, como no caso do lixo orgânico, como fonte de energia, ou então queimar a biomassa, usá-la para aquecer a água e usar o vapor para mover turbinas, gerando eletricidade. No Brasil, a principal biomassa usada como fonte elétrica é o bagaço de cana-de-açúcar • Marcelo Teixeira/Reuters
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A energia renovável geotérmica é a mais distante da realidade brasileira. Isso acontece porque, nesse tipo, a energia é gerada a partir do uso de água quente e vapor localizados no subsolo de áreas vulcânicas ou de encontro de placas tectônicas, que, então, passam por um gerador e são convertidas em energia elétrica • Getty Images/ Brian Bumby