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    Em meios ao caos, moradores resgataram vítimas antes dos bombeiros em Petrópolis

    Com uma corda, homem de 64 anos foi retirado dos escombros do que era uma banca de jornais, no Centro Histórico

    Bruna Carvalhoda CNN , Rio de Janeiro

    Uma cena de solidariedade impressionou os moradores de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, na noite de chuva forte do dia 15 de fevereiro. Mais de cem pessoas morreram em decorrência das chuvas que atingiram a cidade. 

    Do alto dos prédios comerciais e residenciais da rua do Imperador, uma das principais do Centro Histórico, pessoas registraram um cordão humano. Usando uma corda um grupo de dez pessoas enfrentou a lama para salvar a vida de homens que estavam dentro de uma banca de jornal. Um deles é  Ademir, de 64 anos. Com a força da água, o estabelecimento saiu do lugar.

    Segundo pessoas que olhavam dos prédios, durante a chuva objetos grandes, como um sofá, e até um carro chegaram a bater na banca. Ademir e mais duas pessoas não conseguiam sair do local.

    Quando as pessoas ficaram sabendo que Ademir não tinha saído do local ainda, se uniram para resgata-lo. Apesar dos riscos da missão, Ademir e seus heróis foram retirados ilesos. A cena foi aplaudida por moradores dos prédios vizinhos e por pessoas que estavam na parte mais alta da rua Marechal Deodoro, perpendicular ao trecho da Imperador, onde tudo aconteceu.

    Veículos foram abandonados pela cidade

    Em um dos muitos carros deixados para trás na cidade estava Ana Laura São Tiago, de 26 anos. A enfermeira deixava o trabalho e ia pra casa com um amigo quando o veículo em que eles estavam foi atingido. Acostumada a cuidar de pessoas, em poucos minutos viu as funções inverterem. O carro em que ela estava foi atingido.

    “Estávamos na rua Cristóvão Colombo e ela começou a encher. Então os carros subiram para a rua Conde D’eu, estacionaram nas calçadas. De repente, o carro foi atingido, nem sabíamos o que estava acontecendo”, disse.

    Ana só lembra de ter ouvido um barulho muito forte. No momento, nem ela, nem seu companheiro de trabalho, conseguiram identificar a proporção do que estava acontecendo.

    “Achamos que foi outro veículo. Nosso carro foi capotando. Tentamos sair, mas logo veio a lama e uma árvore caiu em cima da gente. Muita água entrou na nossa boca. Muito cheiro de gás. O carro ficou com as rodas para o alto” .

    Ana afirma que foram pelo menos três horas nessa situação. Apesar do tempo, eles identificaram que as luzes do carro continuaram funcionando.

    “Ficamos parados esperando a agua abaixar. Quando a água abaixou eu consegui ver umas pedras. Achei que era o chão da rua e comecei a gritar. Graças a Deus ouviram a gente, mas aí percebi que não era rua. Estávamos dentro do rio”

    Com os gritos, moradores de casas vizinhas se aproximaram. Ana foi resgatada e levada para a casa de uma moradora onde tomou banho, se alimentou e fez contato com familiares. Só no dia seguinte a tragédia ela finalmente conseguiu voltar pra casa.

    “Estou desde então sem dormir. Ainda sentindo cheiro de barro na minha pele. Não quero reviver mais esse momento”, finalizou.

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