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    Abate de bovinos recua 8,2% no 4° trimestre de 2021, diz IBGE

    Embargo da China à carne brasileira e o aumento no preço do produto no mercado interno explicam esse recuo

    Lucas Janoneda CNN , Rio de Janeiro

    Pressionado principalmente pelo embargo da China à carne vermelha, o abate de bovinos no Brasil recuou em aproximadamente 8% no 4° trimestre de 2021, frente ao mesmo período do ano anterior.

    A restrição do país asiático de setembro a dezembro do ano passado, aconteceu após dois supostos casos do mal da vaca louca – doença degenerativa e fatal causada pela ingestão do produto contaminado.

    Foram 6,7 mil cabeças de gado abatidos no 4° trimestre do ano passado, segundo o Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2020, o número de abates de bovinos no Brasil ultrapassou os 7,3 mil. Os dados fazem parte da pesquisa da Estatística da Produção Pecuária, divulgada nesta quinta-feira (10).

    “No período analisado, a gente percebeu a expressiva tendência de diminuição dos abates dos bovinos por conta do problema que tivemos com a China, por conta da doença relacionada ao produto”, afirmou a gerente de Pecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Angela Lordão.

    Um levantamento da Safras & Mercado, consultoria especializada em agronegócio, feito a pedido da CNN, mostrou que o setor pecuário deixou de arrecadar pelo menos US$ 2 bilhões (ou R$ 11 bilhões na cotação atual) durante o embargo.

    A restrição ao produto brasileiro impactou diretamente a logística do segmento ao longo dos últimos meses de 2021.

    “É natural que tenha acontecido uma queda no abate dos bovinos nesses meses, em função da ausência do maior importador da carne bovina brasileira no mercado durante os últimos meses do ano passado. A China representa metade das nossas exportações. E esse movimento provocou uma série de mudanças dentro da nossa cadeia pecuária”, explicou Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado.

    Segundo Hyberville Neto, médico veterinário e representante da Scot, consultoria especializada no setor, além do embargo imposto pela China, o alto preço da carne vermelha no mercado interno também intensificou a tendência de queda dos abates bovinos.

    De acordo com ele, a pressão inflacionária e a escassez hídrica foram os responsáveis pelo aumento no custo do produto.

    “A estiagem prolongada e o elevado preço dos grãos, em função do pouco volume de chuva, aumentam o custo da ração animal e, consequentemente, de toda a cadeia. Dessa forma a gente consegue perceber os efeitos no valor da carne vermelha”, detalha Hyberville Neto.

    Mudança no hábito alimentar do brasileiro

    O aumento do preço da carne bovina tem feito os brasileiros consumirem mais frango e porco. Consequentemente, o número de abates desses animais aumentou nos últimos meses.

    Os dados do IBGE destacam que o abate de suínos subiu 5,8% no 4° trimestre de 2021, frente ao mesmo período do ano anterior. Em valores absolutos, 13.287 mil porcos foram abatidos. Em relação aos frangos, o indicador registrou uma alta de 0,3% no 4° tri. Foram 1,5 milhão animais que foram para o abate.

    “Esse aumento está relacionado ao encarecimento da proteína bovina e à prática de substituição dos alimentos. Percebemos uma alta carne suína e frango por ser uma carne muito mais competitiva e, por isso, se tornaram uma carne de escolha do consumidor. Resumindo, tivemos um aumento na demanda e um crescimento grande no número dos abates”, resumiu o analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias.

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