Informações de inquérito sobre live irão municiar outras apurações contra Bolsonaro
Dados da apuração de suposto vazamento de documentos sigilosos do TSE serão compartilhados com inquéritos sobre a existência de uma milícia digital e a disseminação de informações falsas sobre a Covid
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou o compartilhamento de informações do inquérito que apura um suposto vazamento de documentos sigilosos de uma investigação envolvendo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com outras apurações envolvendo o presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com informações da âncora da CNN Daniela Lima, em despacho publicado nesta terça-feira (8), Moraes afirma que a Polícia Federal (PF) pediu autorização para o compartilhamento de dados desta investigação com o inquérito que apura o funcionamento de uma organização criminosa digital montada para atacar os pilares do sistema democrático.
O ministro afirmou na decisão que “verifico a pertinência do requerimento do pedido da PF em razão notadamente da identidade de agentes que são investigados nesses autos e da semelhança do modus operandi”.
Moraes ainda determinou o compartilhamento integral do inquérito que trata do vazamento de dados do TSE com a investigação que foi aberta para apurar a disseminação pelo presidente Bolsonaro de informações falsas sobre a Covid-19, como o caso em que ele relacionou a vacina com o vírus da Aids.
A Polícia Federal (PF) concluiu um relatório enviado ao Supremo e afirmou que há indícios de que o presidente Bolsonaro e o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) cometeram o crime de vazamento de dados sigilosos de uma investigação envolvendo um ataque hacker ao TSE durante uma live realizada em 4 de agosto de 2021.
Cinco dias depois da transmissão, no dia 9 de agosto, os ministros do TSE enviaram uma notícia-crime ao STF pedindo a apuração do eventual crime cometido pelo delegado de Polícia Federal Victor Feitosa Neves Campos e, na sequência, por Bolsonaro e Barros. Moraes então acolheu o pedido e incluiu Bolsonaro como investigado.
O presidente foi intimado a prestar depoimento à PF em 28 de janeiro. No entanto, Bolsonaro não compareceu e Alexandre de Moraes, relator do caso, não aceitou um agravo apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) para justificar o não comparecimento do presidente.