Golpe de 1964: Silêncio de Lula é criticado por aliados, frustra planos de Silvio Almeida e gera “climão” no governo
Sílvio Almeida e José Múcio Monteiro travaram uma disputa silenciosa sobre o tratamento que deveria ser dado à efeméride de 60 anos do golpe militar
Na mais recente reunião ministerial promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, encontrou o titular de Direitos Humanos, Sílvio Almeida, e perguntou ao colega se estava tudo bem.
“Está tudo bem para alguns”, respondeu Almeida, segundo relatos ouvidos pela CNN com participantes do encontro.
Nos bastidores do governo federal, Múcio e Almeida travaram uma disputa silenciosa sobre o tratamento que deveria ser dado à efeméride de 60 anos do golpe militar de 1964, segundo apurou a CNN.
O presidente decidiu não melindrar os militares e orientou que fossem evitados eventos oficiais em memória aos 60 anos do golpe militar, o que levou o Ministério de Direitos Humanos a cancelar uma cerimônia marcada para o dia 1° de abril.
A informação foi divulgada pela “Folha de S.Paulo” e confirmada pela CNN.
Procurado, o ministério de Direitos Humanos não quis se manifestar. A assessoria da Defesa ainda não respondeu. O espaço está aberto.
“Vejo com preocupação o silêncio de Lula. A sociedade civil espera e vai cobrar do atual governo o cumprimento de políticas públicas de reparação e memória dos atos de violência contra a democracia na ditadura militar”, disse à CNN o historiador Rogério Sottili, diretor do Instituto Vladimir Herzog e ex-secretário de Direitos Humanos do governo federal na gestão Dilma Rousseff (PT).
O ativista também cobra de Lula a promessa da recriação da Comissão Nacional de Mortos e Desaparecidos, que foi desativada por Jair Bolsonaro (PL) no fim do mandato.