Decisão de criticar eleição na Venezuela foi de Lula, dizem fontes
Governo brasileiro emitiu nota manifestando preocupação com o processo eleitoral no país
A decisão de criticar o processo eleitoral da Venezuela foi do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informaram à CNN fontes diplomáticas. “O presidente é o chefe e se engaja. Como em toda decisão internacional importante”, afirmou um diplomata com conhecimento do assunto.
Em nota divulgada pelo Itamaraty, o Brasil fez reparos hoje, pela primeira vez, ao processo eleitoral na Venezuela depois que a candidata Corina Yoris não conseguiu registrar sua candidatura no sistema antes do fim do prazo.
Yoris é a indicada pela Plataforma Unitária, força política de oposição de Maria Corina Machado, oposicionista perseguida pelo governo de Nicolas Maduro, que também não pode se candidatar.
“Esgotado o prazo de registro de candidaturas para as eleições venezuelanas na noite de 25/3, o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o processo eleitoral naquele país”, diz a nota do Itamaraty.
O texto segue acrescentando que o impedimento do registro da candidatura da oposicionista “não é compatível com o acordo de Barbados” e “não foi até o momento objeto de qualquer explicação oficial”.
Fontes diplomáticas lembram que o Brasil é signatário do Acordo de Barbados, a pedido das partes. Pelo acordo, os Estados Unidos levantam sanções contra a Venezuela, que se compromete com eleições livres.
O governo de Nicolas Maduro reagiu à nota brasileira a qual chamou de “cinzenta e intervencionista”. Os venezuelanos disseram que o documento “redigido por funcionários da chancelaria brasileira, parecia ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”.
Fontes do Itamaraty, no entanto, rebatem essa versão e dizem que o presidente Lula acompanhou todo o processo de decisão de divulgação da nota. É uma mudança de postura do Brasil, já que Lula recentemente criticou a oposição na Venezuela e disse que as eleições no país “mereciam a presunção da inocência”.
Pesquisas de opinião demonstram que a posição do Brasil em apoiar Maduro ou Vladimir Putin, da Rússia, afetam a popularidade do presidente Lula e de seu governo.