França vai investigar descarte no Atlântico de mais de 100.000 peixes mortos
Braço francês da Sea Shepherd, uma organização sem fins lucrativos de ativismo de conservação marinha, publicou fotos do vazamento
- 1 de 3
A embarcação holandesa FV Margiris, a segunda maior embarcação de pesca do mundo, derramou mais de 100 mil peixes mortos no Oceano Atlântico próximo ao litoral da França • Reprodução/Sea Sheperd
- 2 de 3
Os peixes são da esécie verdinho, uma subespécie de bacalhau, usada para produzir em massa peixe, óleo de peixe e farinha • Reprodução/Sea Sheperd
- 3 de 3
A embarcação holandesa FV Margiris, a segunda maior embarcação de pesca do mundo, derramou mais de 100 mil peixes mortos no Oceano Atlântico próximo ao litoral da França • Reprodução/Sea Sheperd
-
Um derramamento de mais de 100.000 peixes mortos no Oceano Atlântico ao largo da costa francesa foi descrito pelo ministro do Mar da França como “chocante”, em um incidente que chamou a atenção de grupos ativistas ambientais.
O braço francês da Sea Shepherd – uma organização sem fins lucrativos de ativismo de conservação marinha – postou fotos do vazamento em sua página no Twitter na quinta-feira (3).
“Aqui está o que está acontecendo agora no Golfo da Biscaia, na costa de La Rochelle”, disse o post. “Quatro barcos-fábrica operam nessa área, incluindo o Margiris – a segunda maior traineira do mundo (proibida na Austrália)”.
As imagens postadas pela Sea Shepherd mostram uma massa surpreendente de peixes mortos – que são chamados de verdinhos, uma subespécie de bacalhau – flutuando na água. O Margiris, de propriedade holandesa, foi descrito como uma “super traineira gigantesca” pelo Greenpeace.
A Pelagic Freeze-Trawler Association (PFA) – que representa o proprietário da embarcação – divulgou um comunicado na sexta-feira (4) abordando o incidente e disse que “entende totalmente as emoções que essas imagens podem trazer”.
A PFA disse ainda que “gostaríamos de esclarecer que por volta das 5h50 do dia 3 de fevereiro de 2022, uma quantidade de verdinho foi involuntariamente liberada no mar pelo navio Margiris, devido a uma ruptura na parte da cauda da sua rede. Um acidente deste tipo é uma ocorrência rara e, neste caso, foi causado pelo tamanho inesperadamente grande do peixe capturado”.
“Em conformidade com a legislação da União Europeia, o incidente e as quantidades perdidas foram registados no diário de bordo do navio e comunicados às autoridades do Estado de bandeira do navio, Lituânia”, disse.
Em comunicado à CNN, a PFA disse que “o verdinho é uma espécie-alvo (não captura acessória) que é de grande valor para os nossos membros. Podemos dizer que não é do interesse dos nossos membros perder o peixe . O pescado perdido será deduzido da cota do navio. Os membros da PFA pescam apenas para consumo humano, e lamentamos que o pescado já não esteja disponível para esse fim”.
Annick Girardin – a ministra francesa das Pescas e Assuntos Marítimos – disse que a visão do peixe morto foi “chocante” e pediu à autoridade nacional de vigilância da pesca que iniciasse uma investigação para “lançar luz sobre essa questão para que possamos identificar as causas do despejo significativo de peixes”.
Em um post no Twitter, Girardin também acrescentou que “a França apoia a pesca sustentável e isso não se reflete aqui. Caso tenha ocorrido uma infração, serão aplicadas sanções contra o responsável, que será identificado”.
Virginijus Sinkevičius – comissário da União Europeia para o Meio Ambiente, Oceanos e Pescas – também comentou o caso e o chamou de “incidente infeliz no Golfo da Biscaia”.
No Twitter, ele disse que a Comissão da União Europeia “reagiria imediatamente” e está lançando um inquérito às autoridades nacionais da área de pesca e do suposto estado de bandeira da embarcação para obter informações e evidências exaustivas sobre o caso.
Lamya Essemlali – chefe do braço francês da Sea Shepherd – disse à Reuters que acredita que os peixes foram deliberadamente descartados.